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Bagaço de cana representa 4% da matriz energética

A energia gerada a partir do bagaço da cana entrou definitivamente na matriz energética brasileira e a potência já vendida ao governo federal supera os 4 mil MW, representando 4% da capacidade instalada de geração no país. Desde o fim de 2007 até agora, projetos de outros 2,4 mil MW entraram em análise na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E para colocar somente esses empreendimentos em pé serão necessários investimentos da ordem de R$ 16 bilhões, se levados em consideração que na média são necessários R$ 2,5 mil para gerar 1kW de energia.

Só no ano de 2008 entraram em operação comercial usinas com capacidade instalada de cerca de 500 MW, que exigiram investimentos de R$ 1,25 bilhão. Para o próximo ano, já existe a previsão de que outros 700 MW entrem em operação. A crise financeira internacional deve afetar somente os projetos de usinas para a entrega em 2010. “Faltam 15 dias para o próximo ano, e as usinas previstas para 2009 já estão a esta altura com financiamentos contratados e energia vendida”, lembra o diretor de comercialização do grupo AES no Brasil, Ricardo Cunha. Mas para 2010 alguns sinais mostram que a crise pode afetar a entrega de energia. Cunha diz que alguns clientes já sinalizaram que os projetos vão sofrer atrasos pela falta de recursos no mercado financeiro.

Em 2010, pelo menos três dos 41 novos projetos de usinas, que incluem co-geração a partir da biomassa, poderão ficar comprometidos, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Isso significa que os grupos que negociaram energia nos leilões do governo federal poderão não cumprir seus contratos de entrega.

Para o próximo ano, embora o cenário esteja sombrio para o setor sucroalcooleiro, as perspectivas são de que 35 novas unidades em construção entrem em operação. Na Aneel não há ainda pedidos oficiais de prorrogação por falta de crédito, segundo o superintendente de concessões e autorizações de geração da agência, Hélvio Guerra. As usinas que venderam energia no leilão de reserva realizado no meio do ano – com capacidade instalada de mais de 2,3 mil MW – não informaram qualquer alteração de cronograma.

Mas mesmo sem crise, os atrasos são comuns à atividade de geração de energia. Dos 57 empreendimentos em obras no país, que corresponde à aproximadamente 1.840 MW, cerca de 35 estão com os cronogramas atrasados, perfazendo um total de 773 MW, e todos eles com atrasos registrados antes do início da crise financeira. Além disso, as empresas que vem demonstrando interesse nesses investimentos podem parar momentaneamente seus projetos mas devem concretizar seus planos no longo prazo.

Em novembro, nenhum pedido de outorga de usina termelétrica movida a biomassa chegou à Aneel. Mas os dados dos três meses anteriores não indicam redução do número de pedidos. “Precisaríamos de mais tempo para a elaboração de um estudo visando identificar se o período do ano tem influência sobre o número de pedidos (sazonalidade)”, diz Guerra.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, lembra que a projeção é de que o crescimento da produção de etanol no Brasil seja de 150% nos próximos dez anos, saltando de 25 bilhões de litros para 64 bilhões. “A consequência desse crescimento é o aumento da quantidade de bagaço e portanto da co-geração”, diz Tolmasquim.

O grupo Cosan, um dos maiores grupos de açúcar e álcool do Brasil, anunciou ontem que deverá investir R$ 1,8 bilhão até 2012/13 em projetos de co-geração. Paulo Diniz, vice-presidente de finanças e com relações com o mercado, afirmou que a companhia deve oferecer a partir de 2012 cerca de 1,900 gigawatt/hora de suas usinas com projetos de co-geração.

Neste momento, o grupo está realizando investimentos em três de suas 18 unidades produtoras. As usinas Gasa, Costa Pinto e Bonfim, todas instaladas em São Paulo, estão com investimentos em curso. “A unidade Gasa deve entregar energia para a CPFL a partir de 2009”, afirmou.

Outras quatro unidades produtoras da Cosan aguardam aprovação do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para darem início aos projetos de expansão da capacidade de co-geração de energia. O grupo participou dos últimos leilões de reserva do governo federal e tem dois contratos bilaterais, com os grupos Rede e CPFL.

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