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Aves ameaçam plantio de girassol

O ataque inesperado de pombos às lavouras de girassol do estado está inviabilizando um projeto da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab) – em parceria com a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) – que previa o aumento da produção da flor, visando ao aproveitamento do óleo de suas sementes para o biodiesel. Essas revoadas estão dizimando lavouras em quase 30 municípios de várias regiões do Paraná e deixando produtores rurais desestimulados a continuar investindo na cultura.

Em Barra do Jacaré, município do Norte Pioneiro, dois agricultores tiveram sua propriedade escolhida para ser uma das 35 unidades de observação do plantio de girassol no estado. Porém, a poucas semanas da colheita, os proprietários Sidnei de Popis Schiavi, 46 anos, e Natalício Tomio Takano, 58 anos, já perceberam que os investimentos na plantação e no manejo serão em vão.

Os dois receberam da Seab as sementes, o herbicida, o adubo, a uréia e toda a assistência técnica para o desenvolvimento da lavoura. Aos agricultores coube ceder a terra, fazer o plantio e o acompanhamento, além de se responsabilizar pela colheita. Toda a produção seria dividida em 50% para o projeto e os outros 50% para os produtores.

A metade destinada aos organizadores do projeto seria enviada à Cooperativa Agroindustrial dos Cafeicultores de Maringá (Cocamar), que faria o esmagamento das sementes para extração do óleo. O Tecpar, por sua vez, estava encarregado de promover pesquisas buscando novas tecnologias a partir da matéria-prima para a produção do biodiesel. “Só que ninguém esperava que um ataque de pombos fosse acabar com todas as lavouras”, espanta-se o técnico agropecuário Antônio Carlos Rosin, da Emater de Barra do Jacaré.

Para Sidnei Schiavi, que havia decidido abandonar a soja para se dedicar ao girassol, a escolha veio no momento errado. Depois das perdas com a sojicultura por conta da seca e sem incentivo para continuar investindo no grão, ele enxergou na produção da flor uma cultura de inverno capaz de ser uma saída para seus problemas. “Poderia compensar meus prejuízos, mas acho que me enganei. Os pombos estão acabando com a plantação. A perda será total”, desabafa o agricultor, que já tentou de tudo para evitar o ataque, inclusive o uso de rojões para espantar as aves.

Ele ocupou 10 dos 28 hectares de sua propriedade com a planta, mas agora tem certeza de que a escolha foi errada. “A sorte é que meu investimento não foi alto”, diz. A ele, resta voltar ao milho safrinha e à soja.

Natalício Takano decidiu ocupar uma pequena área com a lavoura. O ataque dos pombos aliado ao uso de uma semente de baixa germinação fez com que as plantas nem atingissem um porte maior. Também desestimulado, ele pretende partir para o plantio de cana-de-açúcar já na próxima safra. “A idéia do governo foi boa, mas faltou planejamento”, critica.

O problema chamou a atenção dos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que já estudam a possibilidade de criar uma variedade de planta que floresça com uma espécie de proteção do seu centro – impedindo o ataque das aves. Mas, como as pesquisa nem começaram, é possível que os produtores de girassol tenham de continuar usando o recurso dos rojões.

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