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Avança terceirização da colheita de cana na região Centro-Sul

De olho nessa oportunidade, empresas de logística, antes focadas nos setores de celulose, química e siderurgia, passaram a investir também na área sucroalcooleira para abocanhar o mercado do chamado CTT (Corte, Transbordo e Transporte) de cana, que hoje movimenta cerca de R$ 11 bilhões na região.

Nos últimos três anos, duas das maiores companhias de logística do mercado aplicaram, no total, quase R$ 600 milhões na empreitada. A JSL (Júlio Simões Logística) investiu no período R$ 450 milhões – R$ 120 milhões em 2012 -, enquanto a AQCES respondeu por outros R$ 137 milhões, R$ 37 milhões neste ano.

A estimativa é que mais de 5 mil colhedoras de cana tenham sido compradas por todo o mercado (usinas, fornecedores, etc) desde 2007, quando o segmento sucroalcooleiro se comprometeu a reduzir a queima da cana, substituindo o corte manual pelo mecanizado. A mecanização, que em São Paulo atinge 65% da área colhida, custou, assim, investimentos de quase R$ 4 bilhões, somente na compra dessas máquinas, sem considerar os aportes em outros equipamentos essenciais para a operação.

“Investir nessa operação demanda montantes elevados – uma colheitadeira de cana custa R$ 800 mil – e a usina precisa manter seu foco na produção agrícola e industrial”, explica o diretor-executivo de operações e serviços da JSL, Adriano Thiele, sobre o crescimento do negócio de prestação de serviços. “Ao alugar máquinas ou contratar o serviço de CTT, a usina se livra desse investimento e da administração dessa frota de máquinas”, explica Thiele. “Deixa também de se preocupar em vendê-las após seu ciclo de vida [em torno de cinco anos]”, completa.

A empresa, tradicional no ramo de logística, entrou no segmento sucroalcooleiro em 2009 com dois serviços: aluguel de colheitadeira e serviço de corte, transbordo e transporte de cana. Na safra 2011/12, essa divisão faturou R$ 200 milhões, ainda pouco perto da receita de todos os negócios da companhia de logística (R$ 2,7 bilhões). “O crescimento em cana segue forte e, em 2012, esperamos faturar 25% mais, perto de R$ 250 milhões”, estima.

Os principais clientes da JSL são grupos de médio e grande portes, localizados nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. “As usinas menores ainda têm a cultura de deter o controle sobre toda a operação”, avalia Thiele.

Em 2011, a empresa transportou 5,7 milhões de toneladas de cana e colheu e transbordou outras 600 mil toneladas da matéria-prima. Neste ciclo 2012/13, a JSL prevê transportar um volume de 6 milhões de toneladas de cana, 1,17% da safra prevista no Centro-Sul (509 milhões de toneladas).

O segmento sucroalcooleiro também é a plataforma de crescimento da AQCES, empresa criada há três anos e que tem como carro-chefe a prestação de serviço para os setores de química e petroquímica. A companhia pertence à Pulsar Investment, um fundo de private equity do Grupo Pulsar, que tem uma gestora de fortunas (GPS) que administra R$ 11 bilhões e já investiu na AQCES R$ 120 milhões.

Com um mix de recursos próprios e financiamento, a AQCES aportou R$ 100 milhões em infraestrutura para atender o negócio de cana e, em 2012, deve aplicar mais R$ 37 milhões para impulsionar a estrutura de sua frota de máquinas, atualmente com 338 máquinas e equipamentos, sendo 138 adquiridos em 2012.

A empresa pretende nesta safra 2012/13 colher e transportar 3,2 milhões de toneladas de cana, mais que o dobro dos 1,4 milhão de toneladas de operação realizada no ciclo anterior. “Queremos atingir 10 milhões de toneladas nos próximos três anos”, afirma o presidente da AQCES, Alysson Paolinelli.

A previsão é que o faturamento total da empresa em 2012 alcance aproximadamente R$ 320 milhões, dos quais R$ 110 milhões com o negócio com cana-de-açúcar. No ano passado, a AQCES faturou no total R$ 233 milhões – R$ 40 milhões com o setor sucroalcooleiro.

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