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Aumento da produção de biodiesel exigirá novas matérias-primas

A diversificação de biomassa foi apontada como elemento chave para garantir o futuro do programa brasileiro de biodiesel. Dados apresentados pelo setor mostram que, em 2011, o setor de transportes foi responsável por quase um terço do consumo de energia no Brasil. A necessidade de combustíveis desse segmento tende a aumentar, dado o crescimento econômico e o consequente aumento da frota de veículos no País. Mesmo que a proporção de biodiesel adicionada ao óleo diesel continue em 5% (chamado de B5), será necessário ampliar em mais de 50% a produção até 2020.

Atualmente, cerca de 80% do biodiesel brasileiro é produzido a partir de óleo de soja. Considerando o incremento de produção esperado para essa oleaginosa, é possível que ela consiga atender às indústrias até 2020, se continuar em vigor o B5. No entanto, num cenário em que a adição seja de 10% (B10), como pretende o governo brasileiro, começarão a surgir dificuldades para abastecer o mercado com uma dependência tão grande dessa cultura. Um aumento de 30% na produtividade da soja poderia garantir o B10, mas não o B20, ou seja com adição de 20% de biodiesel.

Inserir outras biomassas na cadeia produtiva do biodiesel não é apenas uma questão de atender ao mercado, mas também um fator essencial para regionalizar a produção, hoje concentrada no Centro-Sul do País. Além disso, a demanda por biocombustíveis para aviação deve acirrar a disputa por óleos.

Para permitir a diversificação de matérias-primas, a Embrapa Agroenergia está investindo em pesquisas com plantas com potencial de alto rendimento de óleo. Uma delas é a palma-de-óleo (dendê). Embora seja cultivada há décadas no Brasil, a produção ainda é muito baixa. Atualmente o País importa 60% do óleo de dendê que consome, embora disponha de uma grande área apta para o cultivo.

Estudos da Embrapa apontam que existem mais 7 milhões de hectares de terras brasileiras em que a palma-de-óleo poderia ser cultivada sem necessidade de irrigação, tampouco comprometendo regiões de proteção ambiental.

Segundo a Embrapa, há terras e tecnologia disponíveis para produzir dendê. O que falta são sementes e estudos de genética. O Brasil importou 15 milhões de sementes nos últimos dois anos. As pesquisas também estão concentradas no aproveitamento dos seis resíduos já identificados da produção de dendê.

Outras culturas com potencial de utilização na produção de biodiesel que estão sendo estudadas pela Embrapa Agroenergia são o pinhão-manso e palmeiras nativas do Brasil, como a macaúba. Essas ainda não dispõem de pacotes tecnológicos com o dendê, mas estão em processo de domesticação.

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