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Atrasos na liberação do crédito rural

A demora na normatização pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para que os agentes financeiros liberem os empréstimos está atrasando o investimento na safra 2004/05. Apenas o Banco do Brasil estima que, nos primeiros 30 dias, após o aval do BNDES, sejam realizadas quatro mil operações, totalizando R$ 350 milhões. Segundo a assessoria do BNDES, a carta circular que normatiza o crédito será submetida à diretoria na próxima segunda-feira.

Setores que dependem dos financiamentos estão com vendas em queda devido ao atraso. Além disso, outra preocupação dos produtores é quanto à autorização do Tesouro Nacional de cobrança de 4% para os agentes financeiros que utilizarem o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados (Moderfrota). Os agricultores temem que a medida possa se reverter em aumento de custos.

Atraso

No dia 17 de junho, o governo anunciou R$ 10,7 bilhões para programas de investimentos na safra 2004/05. Mas o Tesouro Nacional só publicou as portarias de equalização no último dia 19. Com isso, passado um mês do anúncio do Plano Safra, os produtores rurais ainda não podem tomar recursos para investimentos.

“De que adianta antecipar o plano se não saem as normas?”, questiona Luciano Carvalho, da Comissão de Crédito da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, com isso, os produtores correm o risco de perder orçamentos e precisarem fazer compras com preços mais elevados. “O calendário agrícola é bem mais rígido que o calendário burocrático do BNDES”, afirma.

O coordenador de análise econômica da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Wilson Araújo, diz que um dos programas com problema é o Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro), cujos recursos são usados para a compra de produtos como, por exemplo, corretivos de solo.

“O período mais propício para o uso dos corretivos é entre abril e julho, após a colheita. No entanto, no final do ano-safra cai o volume financiado”, afirma.

“É muito preocupante. Isso pode atrasar todo o processo de financiamento para a agricultura. Se o agricultor não investe na hora certa, há conseqüências na produção”, diz Manoel Félix Cintra Neto, presidente da Câmara Temática de Seguro e Financiamento do Agronegócio e presidente da BM&F.

Segundo Evandro Ninaut, assessor técnico da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), já existem diversos projetos de investimento engavetados aguardando apenas a circular do BNDES. “Se o dinheiro não sai na hora, o projeto pode ser adiado”, diz. Mas ele argumenta que, por enquanto, um mês de atraso não é tão prejudicial. A principal linha utilizada pelas cooperativas é o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop).

Amilcar Ostra Júnior, superintendente comercial da Industrial Pajé Ltda., diz que cerca de 40% das vendas de silos e armazéns estão atrasadas devido aos problemas com o financiamento do BNDES. “Perdemos alguns negócios porque não saiu o recurso”, afirmou. Segundo ele, no primeiro semestre mais de 10% dos pedidos foram cancelados porque o empréstimo não foi oficializado no período desejado. A principal linha utilizada pelo setor é o Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem.

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