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Assentos com bioplástico de etanol: sustentabilidade em arenas esportivas

O bioplástico de etanol, 100% reciclável e cada vez mais usado pela indústria química em embalagens alimentícias, assessórios para celular e até em peças automotivas, representa uma alternativa inovadora e sustentável para os assentos de inúmeras arenas esportivas no Brasil e em outros países. Segundo Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a viabilidade técnica do material pode ser comprovada nos camarotes do estádio do Morumbi, em São Paulo (SP), onde foram montadas 12 cadeiras fabricadas a partir do plástico renovável derivado do combustível da cana produzido pela petroquímica Braskem.

“A instalação destes novos assentos no Morumbi, assim como o que foi feito no Amsterdam Arena, na Holanda, além de demonstrar a qualidade e o desempenho dos plásticos feitos à base de uma fonte renovável, incorpora o conceito da sustentabilidade ao esporte,” observa o executivo da UNICA.

Linaldo Vilar, diretor de novos negócios da Giroflex-forma, empresa responsável pela fabricação final das cadeiras a base de bioplástico montadas no estádio do São Paulo Futebol Clube, acredita no pioneirismo da iniciativa. “A novidade para todos nós é a sustentabilidade envolvida na concepção do projeto. Isso porque o plástico utilizado nos assentos tem como matéria-prima o etanol, fonte renovável de energia, o que substitui o composto tradicional à base de petróleo,” afirma Vilar. Para cada tonelada de plástico renovável fabricado do etanol são capturadas até 2,5 toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, enquanto que a cada tonelada do produto convencional derivado de petróleo são lançadas 4,9 toneladas de C02.

Segundo o consultor da UNICA, é justamente esta vantagem ambiental que pode ajudar o Brasil a promover a sustentabilidade durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em 2014 e 2016. “São as maiores competições esportivas do planeta, e o impacto delas na sociedade e no meio ambiente será indiscutível. Portanto, mostrar ao mundo que temos soluções competitivas para reduzir este impacto, com o etanol, a bioeletricidade e os bioplástcos, deveria ser uma estratégia explorada ao máximo,” ressalta Szwarc.

Se depender das empresas que atuam no mercado de bioplásticos, a aposta vai ser grande. Projeções feitas pela consultoria Technavio indicam um crescimento de 32% no período 2010-2012 em projetos dessa natureza. A Giroflex-forma, por exemplo, fez questão de incluir a tecnologia nos processos de licitação dos 12 estádios que sediarão os jogos da Copa. Para equipar o Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), a marca informa que serão necessários 80 mil assentos, o que exigiria a utilização de aproximadamente 120 toneladas de biopolímero feito com 95% de etanol. Até a Olimpíada, a marca pretende investir R$ 6 milhões no segmento de cadeiras esportivas.

Plástico “verde”

Atualmente, a maior fabricante da versão renovável do polietileno renovável, nome técnico dado ao plástico “verde”, é a Braskem, braço do Grupo Odebrecht, também presente no setor sucroenergético nacional como controlador da ETH Bioenergia. Em 2010, a Braskem investiu mais de R$ 300 milhões em um complexo industrial na cidade de Triunfo (RS), onde são produzidas 200 mil toneladas por ano do produto à base de etanol.

Nos últimos dois anos, diversas empresas multinacionais aderiram aos bioplásticos, seguindo o exemplo da Coca-Cola, pioneira no uso de garrafas plásticas conhecidas como PlantBottle, que contém até 30% de etanol de cana. TetraPak, Heinz, Nestlé, Procter & Gamble, Dow-Mitsui, AT&T e Michelin são algumas companhias que já anunciaram projetos que também envolvem a cana-de-açúcar como matéria prima.

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