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Ásia comprará mais açúcar do Brasil

Elevar exportações pode ser mais vantajoso que reduzir em 10% oferta de cana-de-açúcar. A Ásia pode ser a saída para o setor sucroalcooleiro no ano de 2004. A ampliação das vendas externas para o continente se traduz em boa alternativa para o setor, que estuda desde o final do ano passado um acordo para reduzir em 10% a oferta de cana-de-açúcar na safra 2004/05 de maneira a ajustar o mercado, que se encontra superofertado devido à colheita de uma produção recorde em 2003, de 298 milhões de toneladas. “Existem diversas oportunidades se desenhando no mercado internacional, em especial na Ásia”, diz José Pessoa Queiroz Bisneto, presidente do Grupo J. Pessoa, que mantém nove usinas no País. Na avaliação do executivo, o Brasil terá ao longo deste ano grande facilidade para aumentar as vendas para a Rússia, que desde novembro do ano passado suspendeu o regime de cotas de importação, para a China e para os países tradicionalmente abastecidos pela União Européia (UE). “Além disso, pela primeira vez em anos a Índia, constantemente apontada pelo mercado mundial como instrumento de pressão das cotações, vai produzir menos que consome”, diz. Na avaliação do executivo, as possibilidades de negócios na Ásia devem tranquilizar os produtores quanto aos temores de queda de preços.

“É melhor expandir negócios no mercado internacional do que reduzir a produção. Afinal dois terços da safra brasileira é comercializada fora do País”, diz. A decisão da China de elevar em 11% a cota de importação, para 2 milhões de toneladas em 2004, e reduzir as tarifas de 20% para 15% deve favorecer o aumento das vendas para aquele mercado.

Segundo Queiroz, entre os quatro maiores produtores mundiais apenas o Brasil vai registrar aumento de produção, enquanto a Índia, União Européia e Austrália vão sofrer quebras. “Neste ano poderemos fornecer açúcar para os mercados abastecidos pelos nossos concorrentes, comemora.

Na avaliação de Júlio Maria Martins Borges, da JOB Consultoria ,entretanto, a situação não parece tão favorável ao Brasil. “A decisão da Rússia de suspender as cotas de importação e adotar um regime de tarifas variáveis significa aumento da proteção do mercado interno”, avalia. Segundo ele, entre 2002 e 2003 a produção russa cresceu 12,5%, saltando para 1,8 milhão de toneladas em 2003, período em que as importações somaram 3,5 milhões de toneladas, volume 17% inferior ao registrado no ano anterior. Para 2004 as compras externas da Rússia, maior importador mundial, devem se manter nos mesmos patamares do ano passado. No mês de fevereiro as tarifas de importação da Rússia subirão 6,4% no mês de fevereiro.

A tarifa de importação de açúcar foi fixada pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico e do Comércio da Rússia em US$ 250 por tonelada, em fevereiro, acima dos US$ 235 por tonelada, de janeiro. A tarifa corresponde à média do preço de fechamento do contrato n.º 11 do açúcar demerara no mercado futuro de Nova York, em dezembro, de US$ 102,89 a tonelada. Os contratos futuros do açúcar acumularam queda de 1,6% no pregão de ontem da bolsa de Nova York, encerrando cotados a 6,04 centavos de dólar por libra-peso. Na avaliação de Patrick Funaro, vice-presidente da Fimat Futuresa tendência é de que acomodação dos preços futuros do açúcar de maneira a compensar a alta da taxação da Rússia.

Vendas externas

As exportações brasileiras de açúcar movimentaram US$ 4,981 milhões por dia na segunda semana de janeiro, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor é 64,1% abaixo dos US$ 11,606 milhões do mês passado.

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