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As exportações de manufaturados

Não há dúvida de que a valorização do real ante o dólar tem tido origem principalmente no fluxo produzido pelo comércio externo. Em abril, ele foi positivo em aproximadamente US$ 610 milhões – diferença entre o fluxo financeiro negativo de US$ 2,715 bilhões, apurado apesar da compra de títulos da dívida mobiliária federal por investidores estrangeiros, e o saldo comercial positivo de US$ 3,325 bilhões. Isso mostra que só um crescimento maior das importações poderá reduzir a oferta de divisas.

Os detalhes da balança comercial de abril divulgados ontem mostram que a valorização do real não representou, até agora, um empecilho para a expansão das vendas ao exterior.

Pode-se pensar que o crescimento das receitas de exportações se deve basicamente a aumentos de preços das commodities, especialmente combustíveis líquidos. De fato, no aumento das exportações de produtos básicos em abril (média diária) de 10,9%, em relação ao mesmo mês do ano passado, destacou-se o petróleo em bruto, com aumento de 53,5%, cuja elevação de preço foi de 20,9%; e o minério de ferro, com aumento de 4,2% (com elevação de preços de 15,7%). O mesmo nos semimanufaturados, com aumento de 12,9% e destaques para o alumínio (aumento de 42,9% e de 26,8% nos preços) e açúcar em bruto (+27,5% nas vendas, +44,7% nos preços).

Uma queda da demanda externa poderia afetar negativamente nossas exportações. No entanto, no mês passado, comparado com o mesmo período de 2005, as exportações de produtos manufaturados, para os quais a elevação dos preços foi menos sensível em geral (com exceção do açúcar refinado e da gasolina), cresceram, pela média diária 21,7%, com destaque para automóveis e peças, gasolina (efeito preço) e aviões. Sabemos que o real desvalorizado favorece a importação de componentes. O risco é de que, a continuar o real se valorizando, as empresas nem possam continuar com sua atividade de montadoras.

A análise das importações de abril, nessa perspectiva, é interessante. As importações em geral (média diária) cresceram 39,8% em relação ao mesmo período de 2005 – 39,4% para os bens de capital e 31,8% para maquinaria industrial -, o que é positivo, na medida em que favorece o aumento da produtividade em nossa indústria. As importações de bens de consumo duráveis aumentaram 32,4%, com destaque para vestuário (53,9%), mas as compras de bens duráveis acusam crescimento de 75,9%, merecendo destaque os automóveis, com 166,1%, e os aparelhos de uso doméstico, 88,8%.

Esses dados merecem um exame cuidadoso das autoridades, pois estão exigindo algumas medidas de proteção para a nossa indústria.

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