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Tarifas dos EUA têm impacto indireto no mercado de açúcar

As novas tarifas tiveram um impacto mínimo sobre o fluxo do açúcar, já que o Canadá e o México estão isentos

Tarifas dos EUA têm impacto indireto no mercado de açúcar

As expectativas do mercado em relação ao anúncio das tarifas dos EUA interromperam o apoio que o açúcar encontrou nos números ruins da moagem de março da Índia, levando a uma maior volatilidade e fazendo com que os preços do açúcar caíssem.
 

  • No final da sexta-feira, o açúcar fechou em 18,84c/lb, com um forte nível de suporte vindo da arbitragem de importação chinesa.
  • As novas tarifas tiveram um impacto mínimo sobre o fluxo do açúcar, já que o Canadá e o México estão isentos e espera-se que as cotas TRQ comecem a pagar novas tarifas, aumentando a vantagem do México.

O efeito das expectativas, seguido dos impactos do chamado “Dia da Libertação” de Trump – marcado pelo anúncio de novas tarifas comerciais dos Estados Unidos – limitou qualquer ganho nos preços do açúcar advindos de fundamentos como uma moagem da Índia mais fraca em março.
Embora as tarifas tenham tido impacto direto limitado sobre o fluxo de açúcar, os reflexos macroeconômicos — incluindo a queda do petróleo, a valorização de moedas emergentes frente ao dólar e o temor de recessão nos EUA — contribuíram para uma retração de quase 2,5% nos preços do adoçante na quinta-feira.

O mercado encontrou algum suporte na arbitragem de importação chinesa, mas segue atento aos desdobramentos da nova safra brasileira e às condições da demanda global.

Ao longo da semana, os traders adotaram uma postura cautelosa diante das incertezas no cenário internacional.

Após uma breve recuperação nos preços do açúcar na terça-feira, impulsionada pelos fracos números da moagem de março na Índia, o mercado voltou a sentir pressão com a aproximação do anúncio das novas tarifas dos EUA.

O movimento refletiu não apenas o impacto direto das tarifas, mas também a queda acentuada do petróleo bruto — mais de 7% — e a desvalorização global do dólar.

Apesar da pressão, o açúcar encontrou suporte na arbitragem de importações chinesas, com os preços se aproximando de 18,7 c/lb e encerrando a semana em 18,84 c/lb, evitando perdas ainda maiores.

As expectativas do mercado em relação ao anúncio das tarifas dos EUA interromperam o apoio que os preços do açúcar.

O tarifaço teve um impacto mínimo sobre o fluxo do açúcar, já que o Canadá e o México estão isentos e espera-se que as cotas TRQ comecem a pagar as novas tarifas – embora esta última permaneça bastante incerta, já que o programa não foi explicitamente mencionado. As preocupações com uma possível recessão nos EUA e com o aumento da inflação estão pressionando o dólar, aumentando o poder de compra de outras moedas.

Como as novas tarifas afetaram o açúcar?


Apesar do ruído em torno das novas tarifas anunciadas pelos EUA, o impacto direto sobre o mercado de açúcar, até o momento, parece limitado.
Isso porque países como Canadá e México — membros do acordo USMCA — foram isentos das novas medidas, permitindo que o açúcar mexicano continue entrando no mercado americano sem a incidência de novos tributos.

Esse cenário reforça a posição do México como principal fornecedor de açúcar para os Estados Unidos.

Já as importações via cotas tarifárias (TRQ), anteriormente isentas, não foram explicitamente incluídas nas exceções e podem passar a pagar as novas tarifas — o que tende a ampliar ainda mais a competitividade do açúcar mexicano.
 Por outro lado, importações fora do regime de cotas, que já estavam sujeitas a tributos, devem manter as condições anteriores, embora o tema ainda exija monitoramento atento. Mesmo diante da possibilidade de novas propostas tarifárias mais amplas, o fluxo atual de importações dificilmente será alterado de forma significativa.
 

Do ponto de vista macroeconômico, o fortalecimento de moedas emergentes frente ao dólar, impulsionado por temores de recessão nos EUA e pela perspectiva de novas retaliações comerciais da China e da União Europeia, tem criado um ambiente de incerteza.
Com a chegada da nova safra brasileira, o mercado passa a contar com um importante fator de equilíbrio no curto prazo. A antecipação da moagem em várias usinas reforça a expectativa de maior oferta, o que limita o espaço para altas expressivas nos preços — mesmo diante de incertezas internacionais.
Indicadores como o Índice de Saúde da Vegetação merecem atenção, mas, independentemente de uma safra excelente ou apenas boa, o Brasil volta a exercer seu papel de moderador de preços, sinalizando que a pressão de curto prazo sobre a oferta pode, de fato, ser passageira.