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Brasil, lanterna em competitividade

Jacyr Costa Filho aponta o que fazer para o Brasil sair da lanterna em competitividade

A pesquisa “Competitividade Brasil 2023-2024”, da CNI, divulgada recentemente, traz uma mensagem preocupante: a indústria brasileira está na lanterna entre as 18 economias com as quais mais concorre no mercado internacional.

Em tempos de guerra comercial, como a deflagrada pelo governo dos EUA, é uma péssima notícia para nós, pois a falta de competividade resultará em perda de oportunidades.

Ficamos em último lugar no ranking geral, e nas áreas mais críticas para o setor industrial, como tributação, financiamento, educação, produtividade e inovação nas empresas.

Os cinco primeiros no ranking foram: Países Baixos, EUA, Coréia do Sul, Alemanha e Reino Unido – a China ocupou o sexto lugar.

Há muito o que melhorar em infraestrutura, ambiente regulatório e macroeconomia.

Mas o ponto mais alarmante é a baixa produtividade, associada à falta de mão de obra qualificada, à insegurança jurídica e à carga tributária excessiva.

São entraves que afetam nossa competitividade, a atração de investimentos e a geração de empregos de qualidade. Para avançar, é preciso um esforço entre governos, empresas e sociedade. Um Estado mais eficiente, que simplifique normas, reduza a burocracia e invista em políticas públicas focadas no ganho de produtividade.

Pesquisa da CNI mostra que o país está atrás de 17 países concorrentes. Investimentos direcionados para a educação técnica é saída para formar mão de obra qualificada

Acredito que o investimento em educação, especialmente na formação técnica, deve ser prioridade.

Não há competitividade industrial sem trabalhadores qualificados, com competências e preparo para atender às demandas atuais da indústria, comércio e serviços.

O Brasil precisa valorizar o ensino técnico e seguir o exemplo de países como a Alemanha, onde a formação de técnicos é ampla e os profissionais, bem remunerados.

Aqui, optamos por uma expansão desenfreada do ensino superior, muitas vezes sem qualidade, em detrimento de uma educação mais alinhada às reais necessidades do mercado. Um exemplo do resultado desta prática é que apenas 21% dos médicos formados a partir de 2013 vieram de faculdades com conceitos mínimos em avaliações do Ministério da Educação, enquanto a Embraer e o setor de aviação enfrentam falta de mecânicos.

Uma iniciativa que merecia ser copiada pelo Estado é o modelo de integração da educação básica do ensino médio com o ensino técnico-profissional, adotado nas 140 escolas da rede Sesi-SP, em integração com o Senai-SP.

A educação técnica aumenta as chances de empregabilidade, com maior garantia de renda, já que oferece capacitações que integram teoria e prática e proporciona o acesso a novas tecnologias e experiências práticas no ambiente industrial.

Este modelo é uma das armas mais poderosas para combater a evasão escolar — um problema persistente no Brasil. Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2023, o Ensino Médio registra a maior taxa de abandono: 5,9%. Já no caso do Ensino Médio Integrado, esse índice cai para 2,4%.

O foco do Estado deve ser o aumento da produtividade, com base na educação profissional e técnica. Esse é o caminho para gerar empregos de qualidade, ampliar a competitividade e garantir um futuro industrial mais promissor para o país.

*Artigo originalmente publicado no jornal Diário da Região