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Artegor passa a usar bagaço de cana em revestimento de veículos

A Artegor Laminados Especiais Ltda., sediada em Tatuí (SP), investiu R$ 5 milhões na duplicação de sua capacidade produtiva, com a entrada de uma segunda linha, com potencial para processar 7 mil toneladas anuais já partir desse mês, bem como na ampliação física, que passa de 1,5 mil m² para 3,0 mil m² de área construída. A empresa vinha há dois anos operando a capacidade plena, trabalhando 24 horas por dia, com produção de 3,5 mil toneladas/ano de insumos industriais.

Joint venture entre o grupo Artecola, de Campo Bom (RS) e a italiana G.O.R., a Artegor fornece, principalmente para empresas sistemistas que abastecem a indústria automobilística, no Brasil, Argentina e Colômbia, o laminado Wood-Stock, desenvolvido pela G.O.R., que é uma chapa termomoldável, utilizada para revestimento de laterais de porta-malas, painéis de instrumentos e porta pacotes, entre outros aplicações.

O laminado é totalmente reciclável e reaproveita recursos naturais (aparas de madeiras descartados pelas madeireiras de reflorestamento), combinando-os com plástico. Segundo o diretor geral, William Bernardes de Amaro, está em veículos de quase todas montadoras instaladas no Brasil, como Fiat, GM, Volkswagen, Peugeot, Citroën, Toyota, Honda e Mitsubishi. Na Colômbia, a Artegor fornece para a GM e Renault. Na Argentina, para a Peugeot. “Estamos crescendo nos clientes atuais e prospectando novas oportunidades de negócios”, diz o diretor geral da Artegor, lembrando que o aumento natural da demanda já justificaria aumentar a capacidade de produção, pois a indústria automotiva amplia constantemente o uso de insumos ecologicamente corretos. Amaro espera crescimento de 20% nas receitas da empresa, que em 2005 foi de R$ 16 milhões, ante R$ 14 milhões em 2004.

A empresa, segundo ele, aproveitou a tecnologia do produto inicial para desenvolver novas alternativas de negócios. Para as partes flexíveis dos automóveis, como tapetes e revestimentos de porta-malas, por exemplo, criou o Eco-Flex, combinando resíduos de madeira (farinha de madeira), resinas e plástico. O produto está em carros das marcas Peugeot, Citroën e Renault, fabricados no País; nos modelos 206 e 307, da Peugeot argentina; e no Optra, da GM colombiana.

No Brasil, a tecnologia original da G.O.R. evoluiu ainda para um compósito de plástico e madeira que permite a injeção e a extrusão de perfis. Trata-se do Plastwood, que combina as melhores virtudes das duas matérias-primas e é utilizado em produtos como lápis, brinquedos, solados para calçados, decks para piscinas, e até embalagens de cosméticos de uma nova linha da Natura.

Parte do investimento de R$ 5 milhões foi destinada ao desenvolvimento de outro produto, o Eco Fibra, que reaproveita o bagaço da cana-de-açúcar. O projeto consumiu um ano de pesquisas, desenvolvidas em parceria com a paulista Edra Eco Sistemas Ltda. O Eco Fibra está sendo testado pela indústria automobilística brasileira e apresentado a outros países.

Graças às fibras longas da cana de açúcar, ele tem melhores propriedades mecânicas do que o produto que lhe deu origem. “Resulta numa chapa com características semelhantes ao do Wood-Stock, mas com a vantagem de ter maior resistência a impactos”, explica Amaro, ressaltando o apelo ecológico do produto. “Encontramos uma solução que reaproveita um subproduto da indústria da cana, cujo volume é cada vez maior” diz o executivo. “Ainda oferecemos a possibilidade de visual diferenciado, sintonizado com as modernas tendências de design, que valorizam o look natural”, acrescenta.

kicker: “Encontramos uma solução que reaproveita um subproduto da indústria da cana, cujo volume é cada vez maior”

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