O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) assumiu ontem (2), em cerimônia realizada em Brasília, a Comissão de Infraestrutura e Logística da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no biênio 2021/2022. O presidente da Frente no período será o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR).
Jardim comemorou o novo desafio destacando que “o meu compromisso com o setor agro sempre foi buscando alternativas para dar competitividade ao nosso produtor e aos nossos produtos. Nós sabemos que, embora tenhamos recordes de produtividade, o nosso problema muitas vezes está da porteira para fora”.
Ainda de acordo com o deputado, “nós temos o chamado Custo Brasil, que significa custos que muitas vezes impedem o produto brasileiro de ter uma colocação mais ampla no nosso próprio mercado interno e de ter competitividade no mercado externo”.
Justamente um dos fatores deste chamado Custo Brasil, lembra o deputado, é a logística, os gastos para produção, armazenamento, transporte de insumos e posteriormente do produto colhido. “Por conta desta precariedade, muita vezes nós temos um alto grau de desperdício do próprio alimento”, explica.
A Comissão da FPA visa discutir logística necessária à produção agropecuária e pretende neste ano promover uma série de iniciativas para enfrentar os desafios logísticos da produção agro nacional. Jardim adianta que pretende reunir estudos de centros de reflexão sobre o tema elaborados em universidades e junto a diversas entidades para ampliar a oferta de infraestrutura para o setor agropecuário.
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“Vamos buscar compatibilizar isso com os próprios programas dos ministérios, particularmente do Ministério de Infraestrutura, assim como buscar medidas de natureza legislativa, quer seja do ponto de vista de leis, quer seja do ponto de vista orçamentário, que possam melhorar a nossa logística para o nosso setor agropecuário.”
A baixa qualidade da infraestrutura das estradas brasileiras e o esgotamento da capacidade dos portos é decorrência do enorme déficit de investimentos em infraestrutura nos últimos anos no Brasil. Esse conjunto de fatores – longas distâncias, dependência do transporte rodoviário e falta de infraestrutura – aumenta o valor do frete, reduz expressivamente a produtividade do transporte e implica maiores custos na logística no agronegócio. De acordo com dados da CNT, somente as condições precárias das estradas brasileiras elevam em 26,7% os custos do transporte.
Segundo especialistas no setor, a logística no Brasil “sufoca” a produção rural e traz consequências negativas não apenas para o produtor, mas para toda a cadeia produtiva. Um terço da produtividade do campo é gasto com logística, de acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuário do Brasil (CNA).
O tamanho do problema foi materializado no ano de 2019 em pesquisa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): no transporte de grãos das rodovias até os portos de embarque para exportação, especialmente de arroz, trigo e milho, o Brasil perde percentuais de 0,13%, 0,17% e 0,10%, respectivamente, incluindo a armazenagem.
No caso específico do trigo, a apuração chegou a um índice médio mensal obtido de quebra técnica nos grãos, calculado por meio de amostragens, de 0,43% para silos de alvenaria e de 0,11% para os metálicos. Já o arroz, cuja maior produção nacional tem origem nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins, tem variação de 1,5 a 4% de perdas na armazenagem em silos.