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Área de pasto volta a crescer no País, mas abaixo do rebanho

A área de pastagem no Brasil voltou a crescer no ano passado, acompanhando o bom momento que vive a pecuária. Em 2007, por exemplo, a arroba do boi valorizou-se 37,9%. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o País fechou o ano passado com 176,46 milhões de hectares ocupados com pasto, área 0,01% maior que em 2006.

O índice só não foi negativo porque os estados do Norte impulsionaram o aumento da área destinada aos rebanhos, confirmando a tendência da década, de migração do plantel para aquela região. Destaque para o Pará, onde a variação foi de 4,39% apenas no ano passado. No mesmo período, o rebanho brasileiro, no entanto, encolheu 1,2%.

Na década, no entanto, o movimento é inverso. De 2001 para cá, a queda na área de pastagem no País é de 1,53% – naquele ano eram 179,20 milhões de hectares. Acredita-se que os 2,74 milhões de hectares perdidos tenham sido incorporados pela agricultura – grãos ou cana-de-açúcar, dependendo do estado.

Mas, neste período, o rebanho brasileiro aumentou 13,96%, chegando a 201 milhões de animais, de acordo com os dados da consultoria, que usa os números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Isso indica que o País está ganhando em produtividade”, afirma a analista Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria. Ele lembra, no entanto, que a retração do rebanho em 2007 ocorreu porque nos últimos anos o setor passava pelo chamado “ciclo de baixa”, com preços em queda e abate de matrizes. Fato que começou a se inverter no ano passado.

Por isso, ela se mostrou surpresa com o resultado de 2007. “A gente pensou que a área de pastagem ia subir mais em função do preço melhor do boi”, afirma. Isso porque, segundo ela, quando a atividade fica mais remuneradora, o pecuarista volta a investir.

No entanto, a analista salienta que parte dos investimentos podem ter sido feitos em melhoria de produtividade. “Se ele incorporar tecnologia, maximiza os lucros e o retorno é maior”, acredita Maria Gabriela. No início da década, por exemplo, cada hectare era ocupado, em média, por 0,98 animais. Hoje, quando se divide o tamanho do rebanho pela quantidade de pasto disponível chega-se a 1,13 bois por hectare.

A incorporação de tecnologia pode ser sentida, por exemplo, em estados que nos últimos anos tiveram perda de área para pasto mas, assim como na média nacional, aumentaram seus rebanhos. É o caso da Bahia, cuja pastagem diminuiu 1,89% e o rebanho aumentou 4,99% de 2001 até 2007. Mesmo em lugares onde a redução na quantidade de pasto foi significativa, como São Paulo, a queda no rebanho não foi proporcional. No período, a área de pastagem no estado caiu 16,8%, enquanto o rebanho diminuiu apenas 2,65%.

Maria Gabriela lembra que em estados como São Paulo, o que aumentou foi o confinamento. Assim como em Mato Grosso, onde a área destinada aos animais caiu 2,11% desde 2001 e o rebanho cresceu 28,71%. Hoje o estado tem o maior plantel nacional: são 25,64 milhões de bovinos.

O maior crescimento de área de pastagem e de rebanho no País ocorreu no Norte. No Pará, desde 2001, foram incorporadas 1,3 milhão de hectares. Na avaliação de Maria Gabriela, boa parte foi de área nova – que mais tarde pode se transformar em superfície destinada à agricultura. “Mas isso não significa que se desmatou para colocar o gado e, sim, que o animal pode ter entrado em área que já estava desmatada”.

O estado tem hoje 8,75 milhões de hectares para um rebanho de 17,88 milhões de cabeças – o que indica uma lotação animal acima da média do País: 2,04 animais por hectare. Em plantel, o maior crescimento percentual no período foi o de Rondônia: 70,11%, somando 11,23 milhões de cabeças. No mesmo período, a pastagem aumentou 8,2% – 4,78 milhões de hectares.

Ano passado

Quando a comparação é de 2007 em relação ao ano anterior, apenas três estados tiveram aumento da área de pastagem. Mais uma vez, com destaque para o Norte: Pará (4,39%) e Rondônia (1,3%). A surpresa foi o Paraná, com variação de 0,69%. Esse crescimento significou o retorno de 30 mil hectares às pastagens.

“O estado não tem mais área para abrir. Foi área de agricultura que voltou a ser pastagem”. No ano passado, o aumento no Pará significou 370 mil hectares incorporados à pastagem, incluindo-se áreas novas, de arroz e milho.

Por outro lado, houve uma queda expressiva em Mato Grosso. O estado perdeu no ano passado 500 mil hectares (2,35% menos). Na avaliação de Maria Gabriela, o bom momento dos grãos fez com que a competição fosse maior e, neste caso, soja e milho avançaram sobre pastagem. “Mas lá há uma tendência grande também de confinamento”. Em São Paulo, 370 mil hectares foram incorporados à agricultura no ano passado – principalmente pela cana.

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