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Archer Consulting prevê estabilidade no preço do açúcar na safra 22/23

Segundo a consultoria o desafio será manter o preço da commodity na casa dos vinte centavos

Archer Consulting prevê estabilidade no preço do açúcar na safra 22/23

O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a semana com o vencimento março/22 cotado a 19.12 centavos de dólar por libra-peso amargando uma queda de 58 pontos em relação à sexta-feira passada, equivalentes a 12.80 dólares por tonelada.

Segundo Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting, no acumulado de dezembro, o mercado ainda está positivo, embora comparado a uma base menor provocada pela queda na semana do Black Friday. “No entanto, no acumulado do ano, o açúcar está ganhando 23%, bem abaixo do café com 83% e também do mercado de energia que subiu entre 42% (o petróleo tipo Brent) e 51% (gasolina RBOB)”.

O consultor avalia que o petróleo perdeu fôlego. “O tipo Brent vai para o terceiro mês seguido de queda (média mensal). A animação alimentada pela eventual recuperação da economia global escafedeu-se. Assim, prognósticos de que o petróleo pudesse alcançar 100 dólares por barril no início do próximo verão no hemisfério Norte ficaram seriamente comprometidos. Por outro lado, retirou-se um importante suporte para os preços do hidratado (via arbitragem com a gasolina da Petrobras) que deslocam para baixo a curva de preços estimada do combustível verde para o próximo ano”.

Na avaliação da Archer há pelo menos indícios de que os preços de açúcar em NY deverão ficar num intervalo menos volátil.

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“Penso que podemos dar adeus àqueles 20.69 centavos de dólar por libra-peso observados em 18 de novembro. Para que esse nível seja superado, o mercado precisaria de uma combinação de eventos que hoje orbitam no território do altamente improvável. Quer dizer, é prudente não perder oportunidades de fixação de preços em reais por tonelada e/ou centavos de dólar por libra-peso. Preferencialmente acompanhada da compra de uma opção de compra fora-do-dinheiro, com preço de exercício 200 pontos acima do mercado”, estima o consultor.

Para Corrêa, a sensível melhora nas condições climáticas nos canaviais do Centro-Sul prenunciam uma safra de cana bem acima das previsões pessimistas há alguns meses motivadas pela nociva combinação de geadas, secas e incêndios. As previsões que circulam no mercado para a safra 22/23 (que se inicia em abril próximo) no Centro-Sul estão em torno de 560-570 milhões de toneladas, o Norte/Nordeste deve produzir entre 48-52 milhões de toneladas.

“O Brasil vai precisar de aproximadamente 28 bilhões de litros de etanol de cana para atender as demandas internas e externas, portanto, haverá uma sobra de cana suficiente para a produção de 38.5 milhões de toneladas de açúcar, volume que atende com folga o consumo interno e a exportação. Ou seja, não deve faltar produto do Brasil”, acredita o consultor.

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Ele explica que o consumo interno de açúcar tem caído em linha com a recessão técnica que o Brasil enfrenta. Menor renda, menor consumo, ou na melhor das hipóteses, consumo seletivo. “Na verdade, o consumo de açúcar no Brasil tem caído consistentemente desde meados da última década. Em 2010 o consumo total era de 11.5 milhões de toneladas de açúcar e a previsão para esta safra era de 10 milhões de toneladas (fontes do mercado sugerem que esse consumo deve ser de 9.8 milhões de toneladas). É uma desaceleração de 1.37% ao ano, mas quando considerado o aumento da população, a queda no consumo per capita no mesmo período foi de 2.19% ao ano. Nada animador,” acrescenta Corrêa.

Indicadores apontam que a Índia deverá avançar no volume de exportação para muito além das 3.5 milhões de toneladas que já estão contratadas e fixadas para este ano safra (que para eles começou em outubro/21), sem subsídio. O consultor da Archer avalia que “independentemente de almejar por preços acima de 20 centavos de dólar por libra-peso para prosseguir com os negócios de exportação, o fato é que a remuneração positiva do açúcar ao longo do ano e preços mais competitivos para a negociação do etanol internamente, não devem desencorajar o país de seguir exportando açúcar. Em resumo, não devemos ter falta de açúcar no mundo.