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Aportes estrangeiros no Brasil podem superar US$ 9 bi

Os investimentos estrangeiros em usinas de álcool no Brasil poderão ultrapassar US$ 9 bilhões nos próximos anos, se forem concretizados os projetos de empresas que fizeram consultas junto à Dedini Indústrias de Base. O cálculo foi feito com base nas estimativas de mercado de aporte médio de US$ 100 milhões por usina. José Luiz Olivério, vice-presidente de operações da Dedini, reiterou que além de 88 projetos em fase de instalação por grupos nacionais, existem outros 189 em processo de estudos, dos quais pelo menos 50% são de grupos estrangeiros.

Entre os projetos já anunciados, está o plano da japonesa Mitsui de construir 40 usinas em parceria com a Petrobras. Conforme já informou o Valor, grupos como Archer Daniels Midland (ADM), Mitsubishi, Noble Group, o fundo francês Bioenergy Development Fund (BDF, que tem como sócio o banco francês Société Générale), a Brazil Renewable Energy Company (Brenco, lançada pelo ex-presidente da Petrobras Henri Phillipe Reichstul) também já demonstraram interesse em investir no mercado brasileiro de etanol.

Na avaliação de Olivério, ainda não se pode dizer que o setor sucroalcooleiro do Brasil passa por um processo de internacionalização. “O mercado internacional apresenta um grande potencial e quando ele deslanchar, aí sim, os grupos estrangeiros deverão entrar com força no mercado brasileiro. Hoje há pouca participação, e a produção é muito voltada para atender ao mercado interno.”

De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), existem hoje no Brasil 357 usinas em operação. A estimativa do governo é que tais usinas processarão na safra 2007/08 entre 475 milhões e 480 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Do volume total estimado para a safra, apenas 6% serão processadas por estrangeiros, segundo a Unica.

Atuam hoje no Brasil as francesas Tereos (dono da Guarani, com três unidades) e Louis Dreyfus (com cinco unidades), as americanas Cargill (Cevasa) e Globex, o Infinity Bio-Energy (grupo com ações negociadas em Londres e participação de fundos estrangeiros), a Noble Group (multinacional com sede em Hong Kong, dona da Petribu) e a argentina Adeco Agropecuária (com uma usina). Os fundos Global Foods e o Carlyle and Riverstone também têm participação na Santa Elisa.

De acordo com Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, até 2010, os grupos estrangeiros deverão responder por 10% da produção do setor. “A efetivação dos investimentos estrangeiros dependerá muito da instalação de infra-estrutura e da demanda internacional”, avalia Pádua. Ele observa que na safra 2006/07, de 17,7 bilhões de litros produzidos, 14 bilhões ficaram no país. Ele reitera que há de concreto US$ 17 bilhões em aportes para instalação de 88 usinas, sendo que 19 entram em operação neste ano, 36 em 2008 e o restante, em 2009.

A própria Dedini quer avançar nessa área. A empresa planeja inaugurar, até 2010, a primeira planta para produção em escala industrial de etanol celulósico, que utilizará como matéria-prima o bagaço e a palha da cana. Segundo Olivério, o processo desenvolvido pela empresa permite produzir 40% mais álcool com o mesmo volume de cana e o custo desse etanol está hoje em torno de US$ 40 por barril, mais barato que o petróleo.

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