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Aporte em usinas de álcool se mantém

Apesar das especulações feitas no final do ano passado de que haveria desaceleração dos investimentos no setor sucroalcooleiro por conta das quedas de preços do álcool e do açúcar, grupos como o Comanche Clean Energy e o Santelisa Vale levam em frente seus planos de investir a curto e médio prazos no País.

O Grupo Comanche Clean Energy, controlado principalmente por fundos de investimentos de capital norte-americano e recém-chegado no mercado brasileiro, mantém os planos de investir mais de R$ 175 milhões em três usinas recém-adquiridas até 2010. A meta de faturamento, já para 2008, é de alcançar os R$ 140 milhões. Para 2009, os planos são de obter receita equivalente a R$ 270 milhões e, em 2010, o grupo quer chegar aos R$ 350 milhões com suas operações no Brasil.

“Os investimentos serão feitos em ampliação e modernização das plantas e também em plantio”, conta João Pesciotto, vice-presidente de novos negócios do grupo. “Um dos motivos para seguir investindo é o fato de que, a médio prazo, a oferta de álcool deverá crescer de maneira mais lenta do que a demanda”, avalia.

O Comanche adquiriu, no começo de abril do ano passado, duas destilarias de etanol localizadas no interior de São Paulo, nas cidades de Canitar e Tatuí, além de uma usina de biodiesel que fica na Bahia.

As duas unidades paulistas produzem álcool anidro e hidratado e devem receber pouco mais de R$ 150 milhões do aporte planejado.

Segundo Pesciotto, os investimentos feitos em Canitar vão ampliar a capacidade de moagem atual de 250 mil toneladas/ano para 1,2 milhão toneladas/ano em 2009. Até 2010, a destilaria deve alcançar capacidade de 2,2 milhão de toneladas/ano. Em Tatuí, segundo os planos da empresa, a capacidade atual de 500 mil toneladas/ano deverá ser ampliada para 1,4 milhão de toneladas/ano no ano que vem.

Os outros R$ 25 milhões investidos pelo grupo serão destinados à usina de biodiesel que fica na Bahia. Cerca de metade do valor será destinado ao plantio de girassol, mamona e pinhão manso, enquanto o restante dos recursos irá para a modernização e ampliação da parte industrial. “O pinhão manso é uma planta muito promissora para a produção de biodiesel. Ainda vamos verificar sua produção por hectare”, comenta o executivo. A usina, que hoje tem capacidade instalada de 40 milhões de biodiesel por ano, deve chegar a produzir 100 milhões de litros/ano em 2009.

O grupo tem, ainda, outro projeto que por enquanto não faz parte das previsões de faturamento: a construção de um cluster de combustíveis para produzir biodiesel e álcool no Maranhão.

Por hora, há um protocolo de intenções assinado com o governo daquele estado e a empresa está buscando uma propriedade ideal para as instalações e o plantio. Segundo Pesciotto, há intenção de investir US$ 300 milhões. Os planos são de começar a construção da planta em 2009 e estar a todo o vapor em 2011, com capacidade de produzir cerca de 300 milhões de litros de álcool e 100 milhões de litros de biodiesel por ano.

Outro exemplo de quem mantém firme os investimentos no setor é o grupo Santelisa Vale. Em conjunto com o Açúcar e Álcool Fundo de Investimentos e Participações (FIP), o Santelisa Vale vai implantar as quatro empresas da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA). Os investimentos somam R$ 2 bilhões.

Duas das unidades já estão sendo construídas nos Estados de Minas Gerais e Goiás, a Central Itumbiara Bioenergia e Alimentos Ltda. (GO) e a Ituiutaba Bioenergia Ltda. (MG). Ambas devem operar no segundo semestre deste ano. Em 2009, entram em operação as unidades Campina Verde Bioenergia Ltda. e Platina Bioenergia S.A., ambas em Minas Gerais. As quatro novas empresas terão capacidade industrial inicial para esmagar 2,5 milhões de toneladas de cana por safra. A capacidade máxima poderá ser ampliada para 5 milhões, que vai resultar num total de 20 milhões, quando estiverem em plena atuação.

Expectativas

As expectativas são de ano melhor para os preços do álcool e também do açúcar, segundo Anísio Tormena, presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar).

“É difícil definir, mas esperamos melhoria de preços para essa próxima safra. Um dos motivos é que pode haver certa recuperação das exportações de álcool, para o mercado americano, mesmo no cenário atual”, avalia Tormena. “Além disso, espera-se o ingresso de cerca de 2,5 milhões de carros flex no mercado nos próximos dois anos, principalmente na Região Sudeste. O álcool se consolida no mercado interno e externo”, acrescenta.

Ainda segundo Tormena, com alguma recuperação dos preços do açúcar, muitas usinas devem mudar o mix de produtos, reduzindo um pouco a oferta de álcool. “Houve recuperação dos preços de alimentos em geral no mercado externo”, comenta. “Não esperamos uma puxada de preços, mas alguma recuperação haverá”, finaliza.

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