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Apenas alcooldutos resolverão gargalos da logística do etanol

O desenvolvimento de um sistema de alcooldutos no país e sua integração com os demais mecanismos de distribuição e transporte são fundamentais para que o Brasil consiga manter a liderança no crescente mercado mundial de etanol.

A avaliação é compartilhada entre uma série de especialistas do setor, que participaram nesta terça-feira de uma rodada de debates sobre infra-estrutura e logística durante o Ethanol Summit, em São Paulo.

De acordo com Diogo Galhardo, diretor de operações da Coopersucar, uma das maiores comercializadoras de açúcar e álcool do país, a implementação de um sistema de dutos exclusivos para o transporte de grandes volumes de álcool garantiria reduções significativas dos custos do setor, tanto do ponto de vista de atendimento da demanda interna, quanto para o mercado internacional.

Segundo cálculos feitos pela Coopersucar, a criação deste sistema e sua interligação com ferrovias e hidrovias, como a Tietê-Paraná, garantiria uma economia de 40 por cento do custo atual para exportação de álcool. Para o mercado interno, a redução de custos seria da ordem de 25 por cento.

“A logística é determinante no negócio do álcool”, disse Galhardo durante palestra no encontro promovido pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Para Paulo Fernando Fleury, diretor do Centro de Estudos em Logística da Coopead (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro), melhorias nas estruturas de portos e o uso conjunto das diversas formas de transporte do álcool pelo país é a única forma de se garantir “vantagem competitiva” ao Brasil visando a manutenção da liderança na produção e comercialização de etanol no mundo.

“O Brasil é extremamente dependente de rodovias e a malha de dutos é fraca… e uso de ferrovias é relativamente pequeno”, ponderou.

“A coordenação da cadeia produtiva é fundamental para o setor do álcool porque o custo de transporte pode fazer a diferença entre lucro e prejuízo.”

GARANTIR MERCADO

O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, defende entretanto que o investimento em logística caminhe no mesmo ritmo do desenvolvimento da produção e da definição do mercado internacional para o etanol. “A questão é encontrar comprador para nosso produto”, afirmou o presidente da subsidiária da Petrobras .

Apesar dos outros participantes do debate defenderem que os investimentos em logística precisam preceder os demais, Machado acredita que a montagem de um sistema logístico de transporte do álcool das usinas para os clientes ou portos pode ser resolvida “em dois, três anos.”

Para Paulo Fleury, a pior questão a ser enfrentada atualmente em termos de infra-estrutura é, talvez, a de mais difícil solução. “O maior gargalo hoje é o porto, e porto não se resolve do dia para noite, especialmente o de Santos”, afirmou o professor, lembrando que o porto paulista responde por cerca de 60 por cento do volume de álcool exportado.

Pelos cálculos apresentados pela Coopersucar, a demanda potencial de importação de etanol para o período da safra 2012/2013 deve estar entre 12 e 16 milhões de metros cúbicos. O Brasil, segundo avaliou Diogo Galhardo, pode abocanhar cerca de 9 milhões deste total. Mas para que isso ocorra, as melhorias em infra-estrutura precisam começar a ser implementadas já.

“Com a infra-estrutura atual, o volume potencial que o Brasil tem para exportar é de quatro milhões de metros cúbicos”, disse.

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