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ANP propõe fim do álcool hidratado

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) quer acabar com a produção de álcool hidratado no Brasil. Segundo o superintendente de Abastecimento da ANP, Roberto Ardenghy, o órgão regulador estuda substituir o álcool vendido nas bombas pelo álcool anidro, utilizado na mistura com a gasolina. Ardenghy diz que a idéia partiu do setor produtivo. A medida diminuiria o preço do álcool ao consumidor. “A produção de um só tipo de álcool reduziria os custos de produção, facilitaria o controle e diminuiria a evasão fiscal”.

Na próxima semana, a ANP vai discutir o tema com a indústria automobilística. A substituição dependerá de adaptações, já que o motor dos carros a álcool precisa de água existente para funcionar. “Estamos estudando se serão necessárias pequenas adaptações ou mesmo um “recall” pela indústria. O nosso objetivo é reduzir o preço ao consumidor”, disse Ardenghy.

A principal vantagem da utilização de um só tipo de álcool seria logística. Atualmente, as usinas mantêm dois tanques, um para cada categoria de álcool. O transporte dos dois produtos também é feito separadamente. Além disso, a tributação do álcool anidro é menor do que a do hidratado. Desde novembro, para evitar fraudes, o governo obrigou a adição de corante ao anidro, para evitar que este álcool chegue às bombas. “Com a medida, a arrecadação aumentou em R$ 1 bilhão por ano, com 800 milhões de litros voltando ao mercado formal”.

Auto-suficiência

Durante abertura do 1 Seminário Internacional de Biocombustíveis, realizado em Brasília, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou que o álcool foi um dos fatores que mais contribuíram para que o país alcançasse a auto-suficiência na produção do petróleo. Segundo dados apresentados pelo ministro, o Brasil economizou, desde 1970, 1,09 bilhão de barris de petróleo devido à produção do álcool. O número equivale a 22 meses de produção de petróleo nos atuais níveis alcançados pela Petrobras, afirmou Rondeau.

“A presença do álcool, além de garantir a auto-suficiência do petróleo, nos proporciona excedentes de óleo para serem exportados, gerando divisas para o País”, acrescentou.

A tendência é de a produção do álcool aumentar nos próximos anos. O diretor de combustíveis renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, confirmou que o Brasil pode aumentar em 20 vezes a produção de cana-de-açúcar. A afirmação havia sido feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no domingo, durante reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington. “Vamos poder aumentar a produção na medida em que tenhamos mercado para isso. É preciso antes reduzir barreiras tarifárias e mudar políticas de utilização de combustível em vários países”, afirmou Dornelles.

Dornelles não quis prever quando a produção da cana será 20 vezes maior, como sugeriu Mantega, mas afirmou que ela deverá crescer “em breve”.

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