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Analistas avaliam que agro sustenta dados positivos da economia 

Desaceleração da economia norte-americana e inflação europeia acendem sinal de alerta no cenário internacional 

Analistas avaliam que agro sustenta dados positivos da economia 

O mundo dá voltas e a economia também. O Brasil que já enfrentou cenário mais desfavorável, agora parece remar contra a maré, e apresenta indicadores melhores do que se vê na economia global. E grande parte da melhora desses índices é atribuída ao agronegócio.

“Ano passado o mundo estava melhor e o Brasil estava mal. Esse ano, o mundo está mal e o Brasil está melhor”, avaliou o economista Sérgio Vale, da MB Associados, durante participação no painel Mercados e Finanças, na 2ª Reunião Canaplan 2022, realizada no dia 27 de outubro em Ribeirão Preto – SP.

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Sérgio Vale

Também participaram deste painel Andy Duff, do Rabobank, Gareth Forber, da LMC Internacional, e Tarcilo Rodrigues, da Bioagência.

Apesar da melhora nos indicadores no país, Sérgio Vale alerta que é preciso avaliar os impactos resultantes da economia internacional que apresenta um cenário de desaceleração econômica nos Estados Unidos e picos inflacionários na Europa.

“Quando a gente olha a economia internacional com Estados Unidos, Europa e China com dificuldades, cada um ao seu modo, cada um ao seu jeito, é preciso acompanhar. Estados Unidos e Europa com possível recessão acontecendo no ano que vem e China com as questões geopolíticas internas”, afirmou.

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Gareth Forber

Já o cenário nacional apresenta, segundo Vale, aspectos amplamente favoráveis. “Os números da economia brasileira nos últimos meses são bem melhores do que se imaginava no começo do ano. A expectativa de crescimento foi subindo ao longo de cada semana nos últimos meses e o mercado projeta um crescimento de quase 3% no PIB deste ano. A mesma coisa vale para a inflação. Uma desaceleração vem acontecendo de forma importante. A gente tem uma inflação que vai ficar entre 5 e 6% esse ano, o que não era nada esperado há cerca de três, quatro meses atrás. Então temos um cenário econômico, que está amplamente favorável nesse momento”, ressaltou.

De acordo com o economista, ao lado da relativa estabilidade fiscal, o setor do agronegócio é o principal responsável pela melhora nos indicadores.

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Tarcilo Ricardo Rodrigues

“A diferença entre gastos e receitas que estava na casa de quase R$ 300 bilhões ano passado, apresenta agora números que se aproximam de R$ 100 bilhões. Quando se olha esse resultado recorrente, imputamos mais uma vez, a culpa ao agronegócio. A renda com os preços de commodities no setor, está fazendo com que a gente consiga ter essa melhora brutal de arrecadação que estamos presenciando agora. Não à toa, os estados brasileiros que têm renda real significativa hoje na economia, são os que têm alguma participação forte da agropecuária no PIB. Os estados que crescem no Brasil são os que têm peso mais forte do Agro”, apontou Vale através de gráficos.

Gareth Forber, da LMC Internacional, falou sobre o setor de açúcar. “O mercado de açúcar está apertado no curto prazo, mas parece estar em transição para um período de melhor oferta. Isso pode apontar para uma faixa de preço menor, mas depende muito do tamanho do excedente e de onde estará a paridade do etanol no ano que vem”, disse.

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Para Tarcilo Rodrigues da Bioagência, a chave está na interligação de diversos fatores. “Acho que está muito claro para todo mundo essa interligação, não havendo nenhum mercado estanque. O Brasil aprendeu, e no açúcar, vamos trabalhar como regulador do mercado. E aí que eu vou extrair o maior valor, porque eu tenho o etanol como válvula de escape. É nesse cenário que eu quero mostrar para vocês esse efeito. Quem vai mandar é a relação de paridade etanol no Brasil. O quanto nós vamos fazer açúcar, quanto nós vamos retornar indiretamente, petróleo, gasolina, câmbio, tudo isso tá muito inter-relacionado”, elucidou.

De acordo com ele, teremos uma produção de cana de 540.137 milhões de toneladas, a mesma quantidade de açúcar do ano passado, com redução do volume de anidro. “Nós vamos ter um milhão e trezentos a mais de etanol, um pouco menos de anidro, com um pouco mais de hidratado. Com isso, a gente vai pegar um pouco mais do mercado de Ciclo Otto, e a gasolina fica relativamente estável”, explicou Tarcilo.

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Andy} Duff

“Devemos ter uma redução dos estoques, nós iniciamos com 2 milhões nesta safra e devemos terminar com 1 milhão e seiscentos ao final da 2022/23. O primeiro trimestre cresceu 5,8% no Centro-Sul e 4,1% na Região Norte e Nordeste. Pelas nossas estimativas vão crescer 3% esse ano em termos de produto, 8,2% em hidratado e crescer 1,6% em anidro”, informou.

Andy Duff, do Rabobank, avaliou que as usinas começaram esse ano safra numa situação de robustez e resiliência financeira. “Considerando que o setor que passou em 2020 pela pandemia, em 2021 enfrentou uma seca, geada e incêndios, entrando em 2022, ano eleitoral, com todas as incertezas associadas a isso, os dados apontam que as usinas começaram esse ano safra numa situação de robustez e resiliência financeira. O Agro é um pilar forte da economia brasileira, vale a pena apostar no Agro, e é isso que está sendo refletido aqui”, disse.