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Vivemos tempos turbulentos

brasilia (2)

Vivemos tempos turbulentos….a cada vez que lemos as matérias dos portais de notícias, o nível de apreensão aumenta: déficit de contas públicas, baixo crescimento, intervencionismo do Estado, inflação alta, produção industrial em queda, déficit na balança comercial…

Não bastasse isso, vivemos tempos politicamente mais complexos dos últimos anos considerando-se o equilíbrio de forças entre governo e oposição. São dois modelos antagônicos, sendo um mais pragmático e outro carregado de conteúdo ideológico.

As eleições foram uma carnificina e serviram para acirrar os ânimos. Quem já teve oportunidade de assistir aos debates para a presidência dos Estados Unidos sabe que o nível da discussão é bem diferente. Parece aquele clássico onde os clubes se provocam durante a semana toda e, tanto torcida quanto times ficam pilhados quando chega a hora do jogo.

Eu votei em Aécio Neves. Não só por achá-lo mais preparado para o cargo como por ter certeza de que a equipe que viria com ele seria composta por pessoas preparadas e de carreira consolidada nos cargos que ocupariam. Independente de política.

Lula, ao contrário do que se imaginava antes de sua eleição em 2002, foi um presidente muito pragmático. Conhecia suas limitações, colocou pessoas chave nos ministérios importantes, aproveitou a grande fase da economia mundial e aproveitou para propalar seus feitos por oito anos. Foi até “o cara” de Obama. Sempre tive a impressão que Lula parece achar toda a história esquerdo-petista uma ferramenta de marketing. Basta ver o que vi durante a palestra em que Marilena Chaui diz que odeia a classe média. O enredo esquerdista serve muito bem para recrutar jovens militantes com fidelidade canina. E só.

De Dilma, não sei o que esperar. E isso assusta. Não sei o que ela pensa, se é moderada, radical, se acha que Chavez foi um ditador lunático ou se vê nele um guru ou até mesmo se acha que os radicais do Estado Islâmico estão somente manifestando-se contra a opressão social.
Tenho dúvidas que algum tempo atrás poderiam parecer sem fundamento, como se as liberdades individuais serão suprimidas, se haverá controle de imprensa, se o Banco Central terá alguma autonomia, se a reforma política vai eternizar o PT no poder…. A palavra é imprevisibilidade.

As coisas passam a serem bem menos óbvias com o avanço da política ideológica, onde todos os meios servem para o objetivo maior que é o de colocar estas ideologias em prática.

Não se sabe se haverá diálogo com o setor produtivo, com a oposição, com a mídia… Não se sabe nem se haverá algum diálogo. Basta dizer que o discurso de vitória da presidente mencionou Lula, lideranças petistas e sindicais, a militância e os que votaram nela. E os que não votaram? Não terão presidente? Seus anseios serão ignorados ou serão considerados inimigos da nação?

No nosso setor sucroenergético estamos em uma situação de bastantes incertezas. A lógica diz que seria um absurdo sucatear um setor produtivo que emprega milhares de trabalhadores com a vantagem da descentralização e enriquecimento das cidades do interior, que produz um alimento básico e um combustível capaz de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, que permite produzir uma energia elétrica limpa, renovável e disponibilidade pulverizada e que conta com tecnologia nacional. Uma atitude destas é não só ilógica como pouco inteligente.
Mas, pelo que vimos nós últimos quatro anos, temos medo. Medo de que a pecha de que usineiro é senhor de engenho escravocrata cole com a ideologia do partido e que a presidenta se vingue do apoio dado à oposição. Se temos este tipo de medo, que democracia é esta em que vivemos?
Em democracias maduras, a troca da presidência não afeta a confiabilidade do país, visto que as instituições e a observância de posições acercam de itens básicos da economia e são comuns a todos os candidatos.

O governo não parece ter um plano para favorecer o crescimento e o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O plano é manter o poder favorecendo o crescimento do partido.

Que empresário quer investir com um cenário destes?

Não sou da turma que acha que o país tem que se separar e que as pessoas que recebem os benefícios sociais do governo são culpadas pela eleição da presidente. Algumas famílias realmente dependem do beneficio para comer. Qualquer incerteza quente que gere em torno do recebimento do benefício é suficiente para suscitar o pânico. Só acho discutível chamar de democrático um processo eleitoral onde um candidato ameaça parte da população com o fantasma da fome.

Também não sou da turma do quanto pior, melhor e que espera que o governo acabe em tragédia ou até não acabe. Se tivermos que passar por um impeachment, será uma fase complicadíssima do ponto de vista da estabilidade social (lembrando que ninguém foi pegar em armas para defender Fernando Collor, que era de um partido pequeno e inexpressivo) e do crescimento do país.

Na verdade torço para que todos os medos sejam infundados e que seja um governo excepcional e para todos, sem exceção.
Se há uma vantagem nisso tudo é que parece que a oposição está mais robusta e hoje ela tem nomes, sobrenomes e será atuante. O povo irá para as ruas protestar caso a situação piore ou os casos de corrupção venham de fato à tona. A única certeza é a de que vem mais turbulência por aí.

*Danilo Piccolo é engenheiro de alimentos, pós-graduado em Sugar Process Engineering (Audubon – Louisiana/EUA – 2005), mestre em Engenharia de Processos Bioquímicos pelo Instituto Mauá de Tecnologia. MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Profissional certificado pelo PMI com atuação na Reunion Engenharia

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