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Valor da cana deve cair em mais 16% e aprofundar crise, prevê Feplana

Queda reflete impactos da pandemia covid-19

Foto: Pixabay

O valor da cana-de-açúcar para os produtores deverá cair em mais 16%, prevê a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, a Feplana.

A queda reflete os impactos da covid-19 (novo coronavírus), segundo a entidade, que representa 60 mil produtores de cana no país.

“O cenário que nos espera deve ser mais problemático que o atual,inviabilizando o negócio canavieiro devido aos preços baixos, ficando bem menores que custos de produção”, afirma Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana.

Segundo a entidade, imobilizados pela quarentena no país e mundial diante do coronavírus, amargam quedas acentuadas nos valores do açúcar (-15,3%) e do petróleo (– 59%) nas bolsas de valores.

“Esta realidade tem reduzido o preço da matéria-prima do açúcar e etanol, com impactos sobre as lavouras e em toda cadeira produtiva canavieira”, afirma Lima.

“A cana gera milhares de empregos e responde por ampla fatia do PIB do país.”

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Apoio do governo

A fim de atenuar parte dos danos produtivos e socioeconômicos de médio prazo, a entidade nacional dos canavieiros (Feplana) busca o apoio do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, assim como dos ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

A entidade tem três medidas estruturais foram solicitadas.

A primeira é a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas rurais, definidas neste ano para o final de 2020.

“Mas com a paralisação das atividades econômicas em função da pandemia, será impossível o canavieiro se reerguer tão rapidamente”, diz.

“Por isso, pedimos a prorrogação para até o final de 2022. Essas dívidas dizem respeito a empréstimos realizados para custeio e investimento dos canaviais.”

A entidade pede também a prorrogação das repactuações de dívidas agrícolas.

“E solicitamos que esse prazo maior não afete as aquisições de créditos rotineiros para o financiamento da safra”, explica.

Venda direta de etanol

Lima pede também o fim da exclusividade da venda do etanol das usinas pelas distribuidoras.

A venda direta se torna ainda mais importante frente à queda dos valores da gasolina na bomba de combustível.

“O etanol pode ficar mais competitivo na bomba e melhorar a rentabilidade das unidades produtoras, e, com isso, aumentar o preço da cana dos fornecedores”, destaca.

A medida também diminuirá a circulação de caminhões das distribuidoras, colaborando na redução do preço do etanol e na questão socioambiental.

Os canavieiros também buscam garantias para os produtores independentes obter os créditos financeiros da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).

O programa visa colocar o etanol no centro da matriz energética nacional.

Apesar da matéria-prima deste combustível limpo depender da produção dos canaviais, que, por sua vez, demanda de previsibilidade e segurança para investir no campo, o RenovaBio ainda não regulamentou o segmento canavieiro.

“Mesmo com os fornecedores de cana representando 36% de toda matéria-prima usada nas usinas, só parques fabris estão garantidos pela lei para se habilitarem e receberem os ganhos econômicos (CBios)”, finaliza.

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