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Três estratégias para proteger o caixa da usina durante crise

Quem oferece são os gestores da Raízen, CMAA e São Martinho

O setor enfrenta a crise decorrente do novo coronavírus. Um dos efeitos é a incerteza em relação aos impactos econômicos. Executivos, como Ricardo Mussa, presidente da Raízen, acreditam que a gestão de risco deve ser aplicada à risca como forma de proteger o caixa das usinas dos reveses que estão por vir. “O que podemos aprender dessa crise é muita gestão de risco”, afirma. Para ouvir em detalhes o que expressivos gestores do setor têm a dizer sobre o tema a XP Investimentos promoveu uma live, em 6 de abril reunindo Ricardo Mussa, presidente da Raízen; Fabio Venturelli, presidente da São Martinho e Carlos Santos, presidente da mineira CMAA. Confira a seguir três considerações sobre como proteger o caixa das usinas, de acordo com apuração feita pelo site do Valor Econômico.

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1 – Não adquirir ativos menos capitalizados

Os executivos creem que é arriscado apostar na aquisição de usinas menos capitalizadas. “Quando vejo algumas oportunidades [de ativos], há canaviais sofrendo há quase uma década. Mesmo assumindo uma dívida, precisaria dar o mesmo valor [a mais] para investir e ter canavial com a produtividade que precisamos para sermos competitivos”, observou Fábio Venturelli, do Grupo São Martinho. Já para Ricardo Mussa, da Raizen há espaço para consolidação, mas não via aquisição de usinas. “Seria até mais fácil fazer isso, mas é um modelo que precisa de muito capital empregado, com risco de retorno complicado”, justifica. Carlos Santos, presidente da mineira CMAA, disse na live que a compra da Usina Canápolis, em 2017, foi facilitada por não ter canavial. “É mais fácil consertar uma base nova”.

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2 – Focar na comercialização

Para o presidente da Raízen, que possui uma joint venture de trading de açúcar com a asiática Wilmar, “se o Brasil consolidasse mais a comercialização, iria beneficiar o mercado inteiro”. “Tem valor enorme a ser destravado, mas é difícil achar o modelo. Em crise, empresas ficam mais abertas a discutir diferentes modelos para mudar patamar de comercialização do açúcar brasileiro”, avaliou Mussa.

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3 – Tancagem de etanol; fixação do açúcar

Como forma de mitigar os impactos da baixa nos preços do petróleo e da diminuição do consumo de etanol, a CMAA pretende segurar o biocombustível em seus tanques, enquanto gera caixa com venda de açúcar e energia – que, na safra passada, representou 25% de seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). “Talvez entre junho e agosto, se a demanda melhorar, podemos colocar etanol no mercado”. Já para a Raízen, a demanda do combustível só deve normalizar-se em setembro. No “pico” das medidas de isolamento, a redução pode chegar a 70%, começando a se recuperar em maio, com quedas de 50%, estimou Mussa, com base no comportamento da demanda em países que estão passos à frente na crise do coronavírus.
O Grupo São Martinho carregará boa parte da produção de etanol para a segunda metade da safra, favorecida por uma tancagem adicional nova na Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO). “Conseguimos [estocar] pouco mais de 70% da produção. Isso nos leva confortavelmente até setembro”, garante Fábio Venturelli.
Com relação ao açúcar, Venturelli comentou que pode ocorrer neste primeiro trimestre uma antecipação das vendas de do adoçante. A forte fixação antecipada dos preços de exportação de açúcar deve se tornar uma importante tábua de salvação neste momento, já que o dólar tem favorecido a manutenção da remuneração das usinas. Até 31 de março, mais de 17 milhões de toneladas para exportação estavam com valores travados, informou a Archer Consulting.

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