
A indústria aérea brasileira está cada vez mais perto de um futuro mais sustentável. Com a inauguração, no último dia 14/01, do Centro Conjunto de Pesquisa em Biocombustíveis Sustentáveis para a Aviação, em São José dos Campos (SP), uma parceria da Boeing e da Embraer, o setor demonstra a importância que tem dado ao desenvolvimento de alternativas energéticas renováveis, com baixo carbono, como o bioquerosene de cana.

“Nosso objetivo é apoiar trabalhos de desenvolvimento e amadurecimento do conhecimento e das tecnologias necessárias para estabelecer no Brasil uma indústria de biocombustíveis sustentáveis para a aviação, de alcance global,” afirmou o vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Mauro Kern. Para ele, o Brasil tem potencial e é referência na indústria de energia limpa, tendo criado as indústrias de etanol e de biodiesel. A presidente da Boeing Brasil e América Latina, Donna Hrinak, endossou o discurso, afirmando que o País será um dos protagonistas também nos biocombustíveis aéreos.
Para o consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, a parceria Boeing-Embraer é um esforço importante e correto para o desenvolvimento de pesquisas energéticas sustentáveis. Segundo ele, embora o setor aeronáutico contribua com uma parcela relativamente pequena das emissões globais de CO2, da ordem de 3% a 4%, o tráfego vem crescendo continuamente, resultando em aumento na emissão de gases de efeito estufa.
“ O uso de biocombustível de aviação é a alternativa mais viável para reduzir os impactos na atmosfera. A Gol Linhas Aéreas, por exemplo, encontrou no bioquerosene de cana, o melhor resultado. Em vários de seus voos, os aviões da empresa são abastecidos com 10% de bioquerosene de aviação (bQAV), mistura que deve diminuir em cerca de 10% a emissão de gás carbônico, gerando grandes benfeitorias para a indústria aeronáutica e agregando novos benefícios para a atividade canavieira,” destacou Szwarc.
Combustível Certificado
Desde 2012 diversos voos testes foram realizados, mas somente em junho de 2014, o biocombustível de aviação, conhecido pela sigla bQAV, produzido a partir da biomassa da cana-de- açúcar, foi liberado pela certificadora internacional de padrões industriais ASTM, para ser adicionado na proporção de até 10% ao querosene de aviação de origem fóssil. No Brasil, o reconhecimento da certificação da ASTM foi legitimado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no dia 05 de dezembro de 2014.
“A ANP removeu o último obstáculo regulatório para o uso de nosso combustível renovável no Brasil. O bQAV, produzido pela Amyris, que atende aos requisitos de desempenho mais rigorosos na indústria da aviação, agora também poderá ser comercializado e principalmente, utilizado nas rotas comerciais em todo o País, assim como em todo o mundo,” disse o presidente & CEO da Amyris, John Melo.
(Fonte: Unica)