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Safra da cana deve encolher 20% na região de Araçatuba

2005-07-31 Cana Mexico BioSugar (2)08/09/14 – Araçatuba é a região do centro-sul do País onde se espera a menor produtividade da cana-de-açúcar na safra 2014-2015. A quebra nos 43 municípios da região administrativa pode chegar a 20%, avalia o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). De acordo com a entidade, o fator que mais afetou o bom desempenho foi a seca.

Sem matéria-prima, pelo menos cinco usinas projetam parar suas indústrias até o final deste mês.Conforme dados parciais divulgados pelo Centro de Tecnologia, a evolução histórica de produtividade para a região medida em TCH (Toneladas de Cana-de-açúcar por Hectare) mostra que a expectativa deste ano, avaliada até o momento em 70,8, não deve alcançar o índice averiguado na safra anterior, de 78,4.
Comparativo

Quando o desempenho de Araçatuba é comparado com as demais regiões do centro-sul, o indicador fica ainda mais distante, tendo em vista que na parcial 2014-2015 o índice alcançado até o momento foi de 78. Na safra passada, o índice apurado foi de 79,6 para o centro-sul, onde se concentra, segundo a entidade, cerca de 90% dos canaviais existentes no Brasil.

“A estiagem foi o principal fator da baixa produtividade, o que está ocasionando o término da safra mais cedo. O clima restritivo – com temperatura alta e seca -, aliado ao solo fraco e arenoso, quando comparado ao de outras regiões produtoras, intensificou a crise no campo”, avaliou o gerente de marketing do CTC, Virgílio Vicino. “Tivemos ainda a falta de chuva no verão passado. O índice de precipitação pluviométrico ficou 57% abaixo do esperado para os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro”.
Índice

Para Vicino, o fato de Araçatuba ter atualmente 97,9% de área plantada de cana-de-açúcar sendo colhida com o uso de máquinas também interferiu na produtividade durante a safra atual.

A região é a que tem maior índice de mecanização. No centrosul, o percentual de área onde se utiliza máquina é 93,8%. “Os fatores que seriam positivos acabaram agravando a crise, por falta de chuva”, arrematou. Segundo o gerente de marketing, apesar de a região abrigar canaviais “jovens”, cuja idade média para corte varia entre 2,9 anos, enquanto nas demais é de 3,12 anos, o processo de renovação das áreas, com variedades mais adaptadas para corte mecânico, ficou aquém do esperado. “Como a cana ainda não
está totalmente adaptada para a colheita mecânica, ainda ocorrem perdas”, disse.

“Com pouca cana e nenhum tipo de intercorrência, as usinas já falam em parar a moenda agora em setembro”, disse o presidente do Sindalco (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Farmacêuticas e da Fabricação do Álcool), José Roberto da Cunha. De acordo com ele, uma das unidades pertencentes a um grupo em recuperação judicial deve ser a primeira a encerrar a safra 2014-2015 na região. Outras quatro usinas param até o dia 30.
Dispensados

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçatuba, Aparecido Guilherme de Moura, a falta de chuva prejudicou o plantio, cujos trabalhadores foram contratados para executar o serviço, mas acabaram dispensados em plena safra. “As funções mais afetadas foram as de serviços gerais, o que abrange tanto mão de obra empregada em corte, operação de tratores e plantio”, elencou.

Moura também confirmou a informação de que há indústria se preparando para pôr fim precoce à safra 2014-2015 na região de Araçatuba. “Desde 2009, o setor passa por dificuldades devido à evolução da seca”.
Usinas foram obrigadas a antecipar moagem

A colheita da cana-de-açúcar pelas usinas sucroenergéticas, que oficialmente começa a partir de 1º de abril, este ano foi antecipada por seis indústrias na região de Araçatuba. A
moagem teve início na segunda quinzena de março, justamente porque não houve chuva suficiente entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, prejudicando o desenvolvimento dos canaviais.

O Grupo Clealco foi o primeiro a começar a colheita para abastecer a produção na unidade de Penápolis, onde a safra começou em 17 de fevereiro. A UPI (Unidade de Produção Independente) adquirida pela companhia por R$ 187 milhões, em leilão judicial em novembro de 2013, foi uma das primeiras do Brasil a entrar em operação.

Nas demais unidades da companhia, instaladas nos municípios de Clementina e Queiroz (a 99 km de Araçatuba), a moagem começou em março. Apesar da antecipação, o grupo informou que apenas iniciou contagem da produção em 1ºde abril. A Clealco, que continua moendo em todas as suas unidades, mantém a meta de fechar a safra 2014/2015 com 8,2 milhões de toneladas de cana processada.

As outras que também anteciparam o início da moagem nesta safra foram Unialco, com unidades em Guararapes e Aparecida do Taboado-MS (Alcoolvale), o grupo Batatais, com fábrica em Lins, e a Renuka, com usina em Brejo Alegre (Revati) e Promissão (Madhu).

A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), em conjunto com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), demais sindicatos e associações do setor sucroenergético, revisou a estimativa de moagem de cana-deaçúcar para a safra 2014/2015 na região centro-sul do País. A nova projeção indica uma moagem de 545,89 milhões de toneladas, queda de 5,88% em relação à estimativa inicial(580 milhões de toneladas) e redução de 8,57% sobre o valor final da safra 2013/2014 (597,06 milhões de toneladas).

Na explicação do diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, as condições climáticas observadas desde o início da atual safra foram piores do que aquelas utilizadas na elaboração da primeira estimativa, divulgada em 23 de abril.
Segmento teve 4.673 demissões no 1º semestre

A crise que começou no campo devido à baixa rentabilidade da cana-de-açúcar e afetou a produtividade da indústria também atingiu o trabalhador. No primeiro semestre deste ano, enquanto as usinas sucroenergéticas deveriam operar em pleno vapor, muitas davam início ao processo de demissão de seus funcionários. Foram 4.673 desligamentos entre janeiro a junho deste ano no segmento industrial, que começou a safra com bem menos trabalhadores.

Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostram que nos seis primeiros meses de 2014 foram admitidos 9.366 trabalhadores ante os 14.494 contratados formalmente no primeiro semestre do ano passado. A redução foi de 35,38%.

O órgão aponta ainda que os cortes ocorreram tanto no campo, que foi impactado pela mecanização da colheita, quanto nos setores industriais e administrativo. O estudo, divulgado em agosto, teve como base informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

Entre as 15 regiões administrativas nas quais se divide o Estado de São Paulo, Araçatuba foi a quarta em número de dispensa de funcionários, tendo à sua frente apenas as regiões de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Campinas.

Para o pesquisador do IEA, Carlos Eduardo Fredo, o mercado de trabalho no setor sucroalcooleiro foi afetado nos últimos anos por problemas de caráter conjuntural, que é a crise econômica do setor, e estrutural, referente às mudanças na etapa da colheita, substituindo o emprego manual pelo uso de máquinas. Ele lembrou que tradicionalmente, o mês de abril apresenta pico de contratações para a safra da cana-de-açúcar.

(Fonte: Folha da Região – Araçatuba/SP)

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