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Safra 2021/22 deverá encerrar com moagem de 515 milhões de toneladas

Estimativa é da Canaplan

 

Da safra da resiliência, para a da incerteza, mas com alguma dose de otimismo. Essa foi a síntese dos produtores de cana ao avaliarem o ciclo 2021/22 e as expectativas em relação à vindoura safra 22/23. O tema foi parte do primeiro painel da II Semana Canavieira / Reunião Canaplan iniciada na segunda-feira (25).

Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), diretor da Canaplan, apresentou um breve panorama dos desafios enfrentados nesses dois últimos anos no cenário global. No âmbito nacional, Carvalho ressaltou as condições adversas que marcaram a safra 2020/21, alternando longo período de seca com geadas surpreendentes e incêndios.

Tudo isso, em meio a uma pandemia sem precedentes na história da humanidade. Passando também por variáveis macroeconômicas na área internacional como a guerra comercial EUA X China, a disparada do preço do petróleo, o processo de descarbonização, pauta da reunião de Glasgow: como acelerar a transição energética, saindo de uma matriz de combustível fóssil para uma matriz renovável, “o que pode fortalecer o etanol”, acredita.

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O consultor da Canaplan, Ciro Mendes Sitta, ao apresentar indicadores da safra 2020/21 na região Centro-Sul, destacou que foi um período no qual os produtores tiveram que correr para apagar o fogo e tentar mitigar os prejuízos. Segundo ele, a safra começou em um patamar mais baixo de produtividade e foi caindo drasticamente nos últimos meses.

“O ATR não foi o vilão, sofreu uma redução mais se aproximou da safra passada, mas a produtividade agrícola sofreu um corte muito baixo em comparação à safra anterior passando de 82,6 t/ha para 68,7 t/ha”, detalhou. Para Sitta, a estratégia da compra de insumos será primordial para se alcançar bons resultados na safra 2022/23.

Em sua apresentação o consultor , apontou a safra 2021/22 como a safra da resiliência, em virtude dos diversos fatores adversos já apontados, comparando-a com a 11/12 que passou por situação semelhante.

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Ele destaca que o desafio do setor será retornar à produtividade normal. Para ele a temporada 22/23 será a safra a incerteza. “Há espaço para uma visão otimista, desde que se tome cuidado com as variáveis. Temos algumas certezas: o atraso no desenvolvimento; chuvas retornaram mais cedo com mais intensidade; a safra deve começar com perspectivas de baixa inferior a 21/22; e deve voltar a ser ‘anidreira’, em virtude da preocupação com etanol”, prognosticou. Para Cardozo a área de cultivo tende a estabilização e a dinâmica do plantio pode definir o sucesso ou fracasso no próximo ciclo.

Nilceu Cardozo

Diante deste cenário, a consultoria prevê moagem entre 510 e 529 milhões de toneladas na safra 2021/22, com sugestão de 515 milhões de toneladas. A produção de açúcar deverá ficar na faixa entre 31,66 milhões de toneladas a 32,28 milhões de toneladas e a de etanol deverá ficar entre 23,41 bilhões de litros a 23,87 bilhões de litros.

Já as estimativas para a próxima safra 2022/23 apontam que o volume de cana deverá ser menor do que o moído em abril/22, com a qualidade da matéria-prima processada com baixos ATR’s.

A Canaplan trabalha com três cenários para a temporada, sempre considerando as condições climáticas no outono e inverno. Uma delas, é de recuperação, com chuvas acima da média, ficando em 540 milhões de toneladas; outra de estagnação, com restrição hídrica média, com produção parecida com a de 2021/22, 515 milhões de toneladas e a safra da depressão, com seca intensa, registrando volume processado menor do que os 515 milhões de toneladas.

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Caio Carvalho ressaltou, ainda, que o verão volátil em chuvas agravaria a moagem e sugeriu que, após o desafio para os ganhos de biomassa, o produtor deverá preparar-se para eventual florescimento em 2022.

Apostando na tecnologia

Mesmo diante deste cenário, empresários e produtores vislumbram o “copo meio cheio” para a próxima safra, contando com a chuva e a tecnologia. “Nesta época no ano passado tínhamos uma expectativa muito grande de romper com a regra de 80 hectares por unidade, mas isso não se concretizou. Tivemos secas, geadas, obrigando a antecipar a colheita, com moagem 15% menor e produtividade agrícola 17% menor em relação ao ano passado.  Tivemos uma chuva em junho, e retomamos o nosso plantio e mesmo assim, deixamos de plantar cerca de 30% da nossa área (cerca de 700 hectares), que só vamos conseguir plantar ano que vem. Em setembro e outubro retomamos com as chuvas, e em função disso, para o ano que vem a gente espera uma safra superior ao que a gente está tendo esse ano”, disse Cassio Manin Paggiaro, da Usina Clealco,

Edson Girondi, da Usina Alto Alegre, ressaltou que o ano foi seco, com geadas, que afetou de 30 a 40% das áreas do Paraná. “Para a próxima safra a expectativa em função de toda essa complexidade, devemos ter um viés de baixa em relação a essa safra 4 a 5% menor”.

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José Olavo Bueno Vendramini, da Tereos, disse que é preciso “sair do muro das lamentações, cuidar do canavial e ser criativo. Saímos de uma safra muito boa na 20. Para o próximo ano, apesar das boas chuvas em outubro, o canavial está falhado, muitas plantas daninhas, mas prevejo uma safra com pelo menos 4 toneladas a mais”.

Luiz Antônio Dias Paes, diretor do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a expectativa é que a safra que vem seja melhor que essa, tomando por base as recuperações que o setor já apresentou em crises anteriores, com o apoio da tecnologia. Opinião também compartilhada por Luís Gustavo Teixeira, da Usina São Martinho. “Esperamos uma recuperação, embora nada extraordinária, em grande parte por conta do investimento em tecnologia”.

Para o produtor Paulo Roberto Artioli, da Tecnocana, “as commodities estão altas. Teremos sim uma dificuldade com relação a suprimentos e insumos, mas acho que a próxima safra, graças a tecnologia, vai ser bem melhor que a desse ano”.

Segundo Rodrigo Vinchi, da Atvos, o que preocupa para safra que vem “é que tivemos um plano de plantio prejudicado. Mas com relação à conjuntura, também prefiro olhar o lado mais cheio do copo, com os avanços no nosso trato cultural, que deve nos permitir um próximo ano menos atribulado”.

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De acordo com Rogério Bremm, da BP Bunge, que soma 11 usinas em 5 Estados, “Estamos investindo bastante no canavial. As chuvas de outubro têm ajudado e de maneira geral, a expectativa para o ano que vem, se vier chuva, pelo menos dentro da média, deveremos ter um ano positivo. Se chover acima da média será melhor ainda”, concluiu.

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