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Produção de etanol não é vantajosa no Brasil, diz FGV

etanolOs preços do etanol hidratado têm permanecido em patamares inferiores e sua produção não tem se mostrado vantajosa para todos os estados do país. De acordo com Boletim Energia publicado pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV), considerando os estados do sul, somente o Paraná teve preços competitivos desde 2002, mas apenas na maioria dos meses entre 2011 e início de 2015.

São Paulo foi o único estado que teve preço médio mensal de etanol competitivo na maior parte desse período. No caso do etanol anidro, as vendas são relacionadas à gasolina e a demanda pode ser incrementada por políticas que alterem sua proporção na gasolina comum. Assim, mesmo que o governo tenha se distanciado do processo de formação de preços do etanol desde a desregulamentação, ainda existem alguns instrumentos políticos de incentivo à indústria, tanto com a política de estímulo à compra de veículos flex, quanto a manutenção do mercado do etanol anidro.

Apesar da política de incentivo aos carros do tipo flex, o aumento das vendas de veículos com a opção de etanol não gerou um impacto tão significativo para o consumo deste tipo de combustível. Segundo o documento da FGV, entre 2008 e 2010 o número de licenciamento desse tipo de veículo aumentou em 25% enquanto o consumo do etanol hidratado se elevou em apenas 10%. Desde 2009 o número de carros licenciados tem aumentado, porém isso também não contribuiu para o preço. As baixas ocorreram principalmente pela seca naquele ano e resultaram na queda do consumo de etanol em 2010, que só se recuperou em 2013.

A produção tanto do etanol anidro como do hidratado também pode ser afetada pelo preço do açúcar. A partir dos preços do etanol e do açúcar que o produtor deve direcionar sua produção, já que há uma grande flexibilidade das usinas. A crise financeira de 2008 agravou a situação do setor, já fragilizada pela queda dos preços do açúcar que ocorreu em 2007 e um alto nível de endividamento do setor sucroalcooleiro também ajudou na piora de cenário. Assim, ocorreu uma queda na quantidade de usinas da região centro-sul, principal produtora de etanol, a partir da safra de 2010/2011.

Indústria hoje

A indústria portanto tem sentido uma redução das políticas direcionadas ao etanol, com o controle de preços da gasolina entre 2011 e 2014 reduzindo consideravelmente a competitividade do etanol. Mais do que isso, os altos níveis de endividamento do setor, as perspectivas ruins em relação ao consumo e os preços do açúcar levaram a um cenário de redução do número de usinas, promovendo uma reorganização da indústria do etanol.

Em março de 2015, o governo resolveu auxiliar a indústria e determinou um aumento do teor de etanol anidro na gasolina de 25% para 27%. Apesar do aumento garantir uma demanda para o etanol, isso pode gerar uma redução da produção destinada ao etanol hidratado, elevando seus preços.

O artigo da FGV também destaca que nem sempre o aumento da proporção de etanol na gasolina deve gerar uma redução no preço da gasolina já que os altos custos de transporte do etanol podem acabar resultando em um preço por litro superior ao da própria gasolina, que era naturalmente competitiva em relação ao etanol hidratado.

Fonte: (Globo Rural)

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