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Preços do açúcar e etanol: o que esperar na entressafra?

Confira a análise da JOB Economia

O avanço das vacinas para o Covid-19 traz esperança e entusiasmo aos mercados. A eleição de Joe Biden, que acabou com a apologia do conflito e está reduzindo incertezas e a aversão ao risco, além da sinalização de mais estímulos fiscais, traz mais otimismo.

Mesmo que com o avanço da “segunda onda” da pandemia e as medidas para sua contenção sejam novas preocupações, o sentimento é de uma melhora gradativa para a economia global, o que refletirá positivamente no setor sucroenergético. A análise é do consultor Júlio Maria M. Borges, sócio-diretor da JOB Economia e Planejamento, que apresentou um panorama sobre as possibilidades que podem afetar a entressafra para a agroindústria canavieira.

De acordo com Borges, na entressafra, a taxa de câmbio no Brasil deverá sofrer os efeitos da queda do US$ perante outras moedas, em função da redução de incertezas, e do fluxo de entrada de capital externo.

“Esta condição tem contribuído para a apreciação do Real. Por outro lado, sustos de natureza fiscal ou sócio-política provenientes do Governo Federal brasileiro ainda trazem volatilidade ao câmbio. Desta forma, pode-se esperar no médio prazo uma taxa de câmbio oscilando entre 5,15 e 5,30 R$/US$, ainda volátil”, explicou.

 

Com relação ao petróleo WTI, o consultor afirmou que o preço apresentou alta de 1,4%, encerrando a última semana em 45,4 US$/barril, com oscilação entre 44,6 a 46,3 US$/barril e devem continuar em alta nesta semana, devido ao maior otimismo em relação a recuperação econômica global e a uma melhora no consumo do produto. 

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“Para a entressafra podemos esperar preços médios mensais de petróleo WTI entre 42 e 45 US$/barril”, disse. Os argumentos para a faixa de preços tem dois argumentos principais, sendo o primeiro, altista, a retomada da demanda e da atividade econômica devido ao apoio dos governos e a um melhor controle da pandemia do Covid 19. Em ambos os casos, esperasse uma retomada cautelosa, pois o desemprego e a situação fiscal debilitada dos governos são fatores limitantes.

 

O segundo argumento, baixista, é o excesso de oferta de petróleo, que só se mantém com preços firmes devido ao controle da oferta pela OPEP +.  “E sabemos que controle artificial de oferta não dura para sempre”, refletiu.

 

Quanto ao açúcar, o consultor comentou que na semana passada (tela de Mar/21) tiveram oscilação entre 14,40 a 14,70 com média de 14,55 cents/lb, queda de 2,6% em relação à semana anterior.

“A presença da Índia no mercado, com produção esperada relativamente grande e exportação potencial de 5-6 mi t de açúcar, é um argumento baixista. Esta condição fica reforçada pela venda de fundos para realização de lucros. Diante disto, para esta semana estamos com a expectativa que os preços permaneçam relativamente estáveis”, argumentou.  

 

Para a entressafra, Borges ressalta que ficará evidente a boa disponibilidade de açúcar no mercado externo devido à presença do Brasil e da nova safra da Ásia, que será grande. Além disso, a nova safra brasileira de 2021/22 deve continuar sendo muito açucareira, reforçando a boa disponibilidade do produto no mercado internacional.

“Vemos preços médios mensais de açúcar em NY entre 12,50 e 14,50 cents/libra-peso com viés de baixa”, afirmou.

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Já no mercado interno, na semana passada, o preço médio do açúcar em São Paulo apresentou queda de preços de 2,6%, com o preço médio próximo de R$ 98,40/saca 50kg, com impostos. O prêmio do mercado interno sobre exportação atingiu na semana passada cerca de 10%, o que é baixista para preços. 

Para esta semana, a expectativa da consultoria é de que os preços permaneçam relativamente estáveis com viés de baixa.

 

Borges afirma que para a entressafra, dois efeitos baixista vão contaminar os preços do açúcar no mercado interno. O primeiro é o que o mercado internacional do produto deve mostrar viés de baixa para preços.

O segundo é a taxa de câmbio, que pode ter um teto em torno de 5,30 R$/US$, ou seja, o preço do açúcar de exportação em Reais deve mostrar uma ligeira tendência de baixa e esta condição tira o suporte para preços altos do produto no mercado interno.

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“Nossa expectativa é de que os preços médios mensais permaneçam relativamente estáveis com viés de baixa”, disse.

 

Sobre o etanol, o preço médio do hidratado na semana passada em São Paulo apresentou viés de baixa e oscilou em torno de R$ 2,48/litro, com impostos. No caso do anidro, os preços ficaram estáveis em trono de R$ 2,55/litro e a expectativa é que, nesta semana, os preços tenham uma relativa estabilidade com viés de baixa.

 

“Para a entressafra, como no caso do açúcar, dois efeitos baixistas vão afetar os preços da gasolina e etanol no mercado interno. Tanto o mercado de petróleo como nossa taxa de câmbio mostram um viés de baixa. No caso do câmbio, as importações de etanol americano acontecem, o que aumenta a oferta interna do produto, além de uma produção doméstica maior que o previsto. Nossa expectativa é de que os preços médios mensais da gasolina e etanol permaneçam relativamente estáveis com viés de baixa”, concluiu o consultor.

 

 

 

 

 

 

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