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O uso inadequado de antibióticos em vários setores e a Saúde Pública

Considerado um problema de relevância mundial, a resistência dos microrganismos aos antibióticos constitui uma ameaça a pacientes e ao controle das doenças em todo o mundo. Preocupada com essa situação, a Organização Mundial de Saúde – OMS contemplou esta problemática como tema relevante no Dia Mundial da Saúde, para dar visibilidade a este desafio que assola os serviços de saúde mostrando que não é novo e que se torna cada vez mais importante (OMS, 2011).
Para Tavares (2008), esse fenômeno da resistência microbiana é complexo e refere-se a cepas de microrganismos que são capazes de multiplicar-se em presença de concentrações de antimicrobianos mais altas do que as que provêm das doses, situação que ocorre quando os princípios ativos são dosados sem ao menos se ter a ideia do nível exato da contaminação.

A Resistência é um fenômeno biológico natural de defesa das bactérias, a qual seguiu-se à introdução de agentes antimicrobianos e as suas taxas variam na dependência do consumo local de antimicrobianos.

Para evitar a resistência microbiana, o Controle Microbiológico a partir de sua quantificação se faz necessário, sendo o primeiro passo para podermos adequar as dosagens dos antimicrobianos e realizarmos com todo critério o estudo do MIC, sigla em inglês, ou CIM (Concentração Inibitória Mínima).

No setor sucroenergético utilizamos antibióticos sem os rigorosos critérios exigidos de acordo com a OMS e lembramos que bactérias realizam seus processos reprodutivos sexuais por conjugação, na qual observa-se a troca de regiões plasmidiais, DNA circular, local onde estão inseridos os genes da resistência.

O fato é que este processo reprodutivo, conjugação, acontece naturalmente no nosso meio ambiente entre bactérias que não obrigatoriamente pertencem ao mesmo gênero e espécie, aí é que está a grande fonte disseminadora de bactérias multirresistentes e que está assombrando a Saúde Pública Mundial!

O nosso setor sucroenergético não pode contribuir para esta disseminação e deve rever os conceitos básicos de Controle Microbiológico, tomando as devidas medidas como há anos acontece no setor industrial da Europa, EUA, Canada, Japão e etc., que aboliram de vez o uso de antibióticos para tratamento de processos industriais fermentativos, substituindo estes por princípios ativos que originam radicais livres e que não desencadeiam a resistência e não agridem o meio ambiente.

Achados na literatura (TAVARES, 2001; TRABULSI, 2005) apontam que uma bactéria é resistente quando cresce in vitro, nas concentrações que os antimicrobianos atingem no sangue quando administrados nas recomendações de uso clínico, e que antimicrobiano não induz a resistência e, sim, é um selecionador das cepas mais resistentes existentes no meio de uma população.

É possível perceber e afirmar que o controle das infecções hospitalares nos serviços de saúde é desafiador, e o da resistência um grande problema. Julga-se necessário implementar dois processos fundamentais para conter essa situação.

O primeiro é o desenvolvimento de políticas eficazes para o uso racional de antimicrobianos em todos os segmentos onde se faça necessário o seu uso, como implementação de guidelines, protocolos atualizados com base em evidências científicas, além de estudos de prescrição que servirão de base para que as medidas preventivas sejam tomadas.

Em segundo, a implantação de medidas de controle microbiológico para limitar a disseminação de microrganismos resistentes, a fim de se evitar um futuro de poucas opções terapêuticas no tratamento das infecções, como já se vê em alguns cenários mundiais. Desta forma fica aqui justificado as razões pelas quais países desenvolvidos não fazem mais tratamento com antibióticos em suas plantas industriais.

Estudos mostram que os antibióticos que foram desenvolvidos para controlar as bactérias acabaram por torná-las mais fortes, induzindo o surgimento de bactérias resistentes para as quais os próprios antibióticos atualmente são ineficazes.

Tais publicações refletem sobre a necessidade de medidas de atenção quanto ao mau uso desses fármacos e aquisição de resistência a eles por parte das bactérias.

Precisamos rever na microbiologia industrial os protocolos e todas as condições descritas neste texto para que realmente estejamos fazendo nossa contribuição positiva, preservando a Saúde Pública e a vida das futuras gerações.

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