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O etanol e o gás de xisto

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Enquanto cobria uma palestra em junho deste ano em São Paulo, nosso coordenador da redação do JornalCana em Ribeirão Preto, Alessandro Reis, ouviu do Secretário de Acompanhamento Econômico Adjunto do Ministério da Fazenda, Rutelly Marques da Silva, que a descoberta do gás de xisto pode mudar o papel do etanol na matriz energética brasileira. “A viabilidade destas reservas pode colocar o GNV — Gás Natural Veicular, como um concorrente ainda mais agressivo do que a gasolina para o etanol”, disse Rutelly. Ouviu também a contundente elucidação de Adriano Pires, diretor da CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura. Ele apontou o exemplo da revolução causada pelo mercado do “shale gas” nos Estados Unidos, como algo fantástico. “O mercado de etanol brasileiro deve aprender com este exemplo”, orientou.

Sabendo que neste novembro vão a leilão áreas brasileiras onde se pretende explorar o gás de xisto, preciso alertar sobre o quanto ele merece a consideração do setor em vários aspectos.

A SBPC — Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Academia Brasileira de Ciências, enviou uma carta à Presidente da República no dia 5 de agosto, revelando que, de acordo com agências americanas, o Brasil tem 7,35 trilhões de metros cúbicos em bacias nos rios Paraná, Parnaíba, Solimões, Amazonas, São Francisco e no Recôncavo Baiano. A SBPC e a ANP consideram que para a exploração seriam utilizados altos volumes de água, que voltariam a superfície poluídos por hidrocarbonetos e metais presentes nas rochas, além dos aditivos químicos utilizados no processo. Seu descarte e purificação deverão custar caro. Além disto, a água utilizada no processo – pertencente ao Aquífero Guarani – deixaria de ser direcionada ao consumo humano.

As consequências ambientais são alarmantes. A exploração do xisto libera gás metano, que é 20 vezes mais danoso que o dióxido de carbono. Isto pode anular a vantagem do gás de xisto em relação ao carvão mineral.

Alguns estados americanos, assim como países da Europa, se mobilizam fortemente para proibir a extração do gás de xisto em seus territórios. Diante de todos estes fatores vemos o governo mais uma vez tentando incluir na matriz energética brasileira um combustível fóssil que oferece riscos, enquanto o etanol, o combustível social e ambientalmente mais viável do mundo, segue utilizado como suporte ao combustível fóssil no combate à inflação. E pior, o Brasil é o único país do mundo onde o aditivo custa muito mais barato que o combustível

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