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Meiosi reduziu custos de formação do canavial na safra 2019/2020

Saiba quais foram os gastos da última temporada segundo o Pecege

A região Centro-Sul do Brasil sofreu uma elevação da ordem de 1,8% na produtividade agrícola (TCH) na safra 2019/2020 ante a safra 2018/2019 – atingindo a marca de 76,46 t/ha.

O aumento do acúmulo de biomassa pode ser atribuído a uma precipitação maior que média, sobretudo no período de formação do canavial (de janeiro a março/19) e a redução do número de corte dos canaviais (0,6 anos, em média), além da idade média dos mesmos (diminuição de 0,16 anos).

Estes movimentos foram parcialmente compensados pela geada que atingiu Mato Grosso do Sul e Paraná e pela lenta recuperação das chuvas no segundo semestre, segundo levantamento realizado pelo Pecege, da Esalq/USP, na safra 2019/2020 e divulgado durante Expedição Custos Cana, evento realizado em formato virtual, em outubro. A amostra é feita com usinas localizadas no Centro-Sul brasileiro, que equivalem a 35% da moagem nacional.

De acordo com a pesquisa, a qualidade da cana-de-açúcar própria, medida em Kg de ATR/tonelada, sofreu uma elevação significativa (4,26 kg ATR/t), enquanto a cana adquirida de terceiros sofreu ligeira queda no comparativo com a safra anterior, mas houve um aumento marginal da qualidade da matéria-prima processada (+2,10%). A intensificação de uso de maturadores por parte das usinas, além da redução da idade média dos canaviais fica evidente, e pode ter   influenciado positivamente a qualidade da matéria-prima.

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Já o custo total médio de produção de cana-de-açúcar na safra 2019/2020 foi de R$ 111,82/t, o equivalente a R$ 8.548,00/há, para as usinas da amostra Pecege

“É notória a atuação da elevação da produtividade como diluidora dos custos fixos agrícolas, dada a grande representatividade dos mesmos na composição do custo total, o aumento do TCH foi fundamental na redução do custo médio da cana-de-açúcar, por meio de economias de escala”, aponta a pesquisa.

O coronavírus impactou os custos agrícolas no final da safra, assim como a forte desvalorização cambial experimentada no período, sendo que da primeira semana de janeiro/2020 a última de março/2020, a PTAX 800 aumentou 26%.

Já a etapa de tratos culturais de cana soca apresentou estabilidade em relação à safra anterior e o custo de CTT, por sua vez, sofreu queda no comparativo com a safra 2018/2019.

João Rosa, do Pecege

O valor médio do arrendamento, fixado em t/ha, sofreu queda de 6,4% em relação à safra 2018/2019 – saindo de 18,14 t/ha para 17,05 t/ha na safra 2019/2020. “A elevação do preço do ATR foi mais do que suficiente para resultar numa elevação do custo de aluguel da terra para as usinas do Centro-Sul”, explica João Rosa, do Pecege.

Na safra 2019/2020, o custo integral de formação do canavial totalizou R$ 9.634/ha. Desse total, R$ 2.612/ha referiu-se ao preparo de solo; R$ 5.055/ha ao plantio e R$ 1.967/ha à etapa de tratos culturais de cana planta.

No caso do plantio, houve aumento da modalidade meiosi, de, aproximadamente, 7,81 p.p. em relação à safra anterior. De forma geral, o plantio por meiosi representou uma economia de R$ 929,85/ha em comparação ao plantio mecanizado (quando da não contabilização dos custos com muda).

“A apuração destes custos implícitos permitiu a determinação do custo total, sob o ponto de vista econômico, totalizando os R$ 111,82 /t no Centro-Sul. Quando da observação apenas dos custos efetivamente desembolsados (isto é, excluindo-se a depreciação de maquinários/benfeitorias e a remuneração do capital fixo), o custo-caixa despendido foi de R$ 103,08/t”, mostra o relatório.

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O custo de matéria-prima – dado pela ponderação entre o custo de cana própria e o preço pago pela cana de terceiros – foi de R$ 104,36/t, o que representou 75,5% do custo agroindustrial.

O preço médio pago pela cana de fornecedores independentes foi de R$ 90/t, um montante 12,7% menor que o custo-caixa da cana própria e 19,5% menor quando da consideração do CT (que contabiliza os custos implícitos). Justamente por esse hiato, a participação da cana de fornecedores tem apresentado elevações nas últimas safras.

Por fim, a soma dos custos agroindustriais e das despesas de vendas, gerais e administrativas resultou em um custo total – incluindo depreciação e remuneração do capital fixo – de R$ 138,16/t no Centro-Sul.

Quando da exclusão dos custos implícitos, o custo-caixa é de R$ 125,42/t. Tal constatação evidencia um peso de, aproximadamente, 9,22% dos custos não-caixa na apuração do custo agroindustrial total.

O levantamento mostrou ainda que o direcionamento de ART para o etanol foi de 61,47%, com destaque para o etanol hidratado, que representou 46,77% do mix total.

Esta matéria faz parte da edição de outubro do JornalCana.

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