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"Mecanização faz o setor ter novo aprendizado", diz Pedro Mizutani

Executivo concede entrevista exclusiva ao JornalCana

Mizutami
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O setor sucroenergético tem novo aprendizado com a entrada da mecanização das operações com cana-de-açúcar.

A avaliação é de Pedro Mizutani, vice-presidente Executivo de Relações Externas e Estratégia da Raízen, em entrevista ao JornalCana.

Há pelo menos 10 anos a produtividade de cana-de-açúcar registra queda e não há expansão de área. O que é preciso fazer para expandir essa área em um setor que, no geral, ainda enfrenta dificuldades?

Pedro Mizutani – Temos registrado redução de produtividade. Estamos em um novo aprendizado com a colheita mecanizada [tornada lei em 2014 no Estado de São Paulo]. Há perda no campo, problema de pisoteio, de manejo.

Com a mecanização, estamos precisando reaprender sobre variedades de cana, manejo e precisamos crescer a produtividade.

Os preços do etanol nunca estiveram tão bons. O problema nosso é ganhar produtividade.

Quando custa em média para a unidade produzir um litro de etanol? R$ 1,50?

Pedro Mizutani – Por aí. Há unidades que conseguem produzir por R$ 1,30, enquanto outras chegam a mais de R$ 1,50 por litro.

Como a margem é pequena, o que deve ser feito?

Pedro Mizutani – O que precisamos é aumentar a produtividade com novas variedades e manejo.

O setor segue em parte descapitalizado. Como gerar incentivo para investimentos? O RenovaBio significa um respiro no sentido de incentivar o setor?

Pedro Mizutani – O RenovaBio é uma política de Estado que realmente irá reconhecer as externalidades positivas do etanol, e quanto o etanol irá melhorar a qualidade ambiental. Todo mundo sabe que o etanol sequestra gás carbono, mitiga os gases de efeito estufa. Isso será reconhecido como um todo.

Hoje o consumidor vai ao posto de combustível e checa: se o preço do etanol está entre 70 a 75% do preço da gasolina, abastece com o biocombustível. Se o percentual passar disso, vai na gasolina.

Só se vê os preços e não a qualidade ambiental. O RenovaBio reconhece essa qualidade ambiental.

O setor tem como avançar?

Pedro Mizutani – Temos muita área para crescer e, conforme previsto pelo programa, chegar aos projetados 45 bilhões de litros de etanol em 2030. Mas não é só isso. Precisamos avançar em ganho de produtividade de cana.

E a falta de capital para investir?

Pedro Mizutani – Há um desequilíbrio de capital nas empresas do setor. Elas se endividaram muito e não conseguiram ganho de produtividade. Uma coisa puxou a outra. E também a baixa taxa de renovação de canavial. Isso gera uma ciranda, uma espiral negativa.

O sr. esteve no começo do ano no Japão e um dos objetivos da visita foi divulgar o etanol. 

Pedro Mizutani – Nossa proposta é tornar o etanol uma commodity internacional. Há etanol produzido no Brasil e nos EUA, mas muitos países têm o biocombustível aprovado mas ele não é aplicado.

Então precisamos difundir que o etanol deu certo no Brasil. O objetivo é fazer com que os fabricantes de países como Japão entendam sobre as qualidades do etanol.

Não podemos apenas produzir etanol, mas estar juntos com a indústria automobilística. Se ela não adotar o etanol, de nada adianta. 

No Japão se fala muito no uso do hidrogênio, mas no hidrogênio que vem do gás natural, de fonte suja. Fomos divulgar que o hidrogênio pode ser feito de etanol e ele é limpo.

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