Gestão Administrativa

Mais treinamentos, menos ocorrências

Mais treinamentos, menos ocorrências

2012-07-16 Colheita Mecanizada (2)
Uma frente de colheita de cana não envolve apenas o operador da colhedora, mas uma equipe de até 25 colaboradores em média. Apesar do operador estar “protegido” do calor e dos riscos externos no momento das manobras, com suas super máquinas, muitas vezes acidentes são inevitáveis pois envolve decisões e escolhas. Durante a corrida pela mecanização das usinas, o setor teve que investir pesado na mudança de postura profissional no corte de cana.Desde que a Usina São Francisco de Goiás, resolveu colher sua cana 100% mecanizada decidiu investir pesado no treinamento de pessoas no campo, tanto na parte comportamental como na mudança de hábitos. Olhar o próprio trabalho e do companheiro de trabalho é uma orientação constante da empresa.

Para José Nonato Freire Neto, gerente de suprimentos de cana, não foi fácil atingir o patamar atual mas valeu a pena. “Temos que tentar colocar na cabeça do operador ou do colaborador da frente de colheita que é fundamental cuidar da segurança do companheiro de trabalho e fazer o DDS – Diálogo Diário de Segurança em todo início de atividades e intervalos ou paradas”, comenta.

2012-07-26 Transbordo Colheita Mecanizada

O DDS deve abordar questões importantes como cuidados sobre redes de energia, animais peçonhentos, usos de Epis, inclusive a empresa possui uma cartilha com vários temas relacionados. “Nosso colaborador precisa parar a operação em hábitos inseguros, pois preferimos parar a produção do que ter acidentes. Com segurança não se brinca”, relata Freire Neto.

O gerente explica que além do DDS, a capacitação dos operadores é uma constante no Grupo. “Cada frente de colheita envolve noteiros, líderes, operadores. Sabemos que os principais acidentes podem ocorrer na troca de faquinhas das colhedoras e descuidos na hora de subir na máquina e na área de vivência. Infelizmente é difícil lidar com os descuidos e falta de atenção, por isso precisamos treinar a maneira de subir na máquina, mas o colaborador também deve fazer sua parte”, confirma.

Mais treinamentos, menos ocorrências – Atenção e cuidados nas manobras são requisitos fundamentais dos operadores de colhedoras em seu dia a dia. De acordo com o engenheiro, Celso Cardoso, instrutor da WM Treinamentos, os principais acidentes ocorrem por falta de EPIs na manutenção ou trocas de facas do corte de base e facão do picador, nas manobras das colhedoras, incêndios na hora da solda nos equipamentos, por fagulhas das máquinas nas partes elétricas, pessoas sem treinamentos e que não conhecem os riscos. “É preciso estar atento às regras de segurança, como ouvir alarmes sonoros antes de ligar qualquer equipamento para afastar as pessoas ao redor”, lembra.

Por isso, admite que os treinamentos devem abordar a segurança pessoal e a de terceiros, uso do EPIs, regras de segurança, prevenção de incêndio ou explosão, segurança na operação, identificação dos componentes, instrumentos e comando, manutenção básica e por fim, as aulas práticas.

Segundo o especialista, um operador não se forma em treinamentos de 40 ou 80 horas, mas é preciso ter mais horas práticas em operação e ser acompanhado por operadores mais experientes. “Um operador eficiente tem que ser atento nas operações, cuidadoso com seu equipamento, e ser um operador mantenedor”, afirma.
Muito se discute sobre os riscos do calor nas atividades do campo devido a probabilidade de causar estresse e provocar a falta de atenção nas atividades de riscos, como na manutenção de colhedoras, que é realizada ao ar livre.

2012-07-26 Funcionario Levantamento Perdas Trabalhador Colheita Mecanizada Usina Equipav (43)17

Joao Augusto Ribeiro de Souza, diretor do GSO (Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria), revela que a avaliação do calor deve ser realizada através da identificação, avaliação, decisão sobre medidas preventivas, adoção de medidas e acompanhamento e revisões quando necessário. “Se a empresa não estiver focada em atitudes concretas no campo da segurança e saúde no trabalho com certeza amargará a gestão de consequências tão nociva a si própria quanto para os trabalhadores”, exemplifica.

O diretor do GSO ainda lembra que o treinamento de saúde e segurança no trabalho deve nortear intencionalmente e constantemente as atitudes de todos os colaboradores na esperança de que o comportamento orientado leve as boas práticas de prevenção.

Para ele, apesar das discussões momentâneas, a avaliação do agente físico calor é uma incógnita para os padrões de salubridade no ambiente de trabalho sucroenergético. “A solução de problemas nesse sentido demandará planejamento da gestão da atividade de trabalho”, reforça.

2014-03-20 Engenheiro Celso Cardoso WM Treinamentos

Em contrapartida, grande parte dos acidentes de trabalho poderiam ser evitados com cursos de qualificação, já que a falta de mão de obra especializada ainda é uma realidade do setor, segundo o instrutor Celso Cardoso, da WM Treinamentos. A consultora Beatriz Rossi de Oliveira, da Coerhência, também admite que faltam cursos profissionalizantes para o setor. “Isso ocorre especialmente em centros menores, onde muitas usinas estão localizadas e que não têm ainda escolas que formam profissionais no nível profissionalizante e técnico. Isto impede a expansão de maior número de pessoas com condição e oportunidade de serem qualificadas ou requalificadas. Podemos dizer que falta qualificação direcionada para a manutenção mecânica, hidráulica e elétrica das colhedoras de cana e para a operação do equipamento em si”, lembra.

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