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Ícone do setor nordestino, morre aos 92 anos o empresário Carlos Lyra

Carlos Lyra Neto, ex-presidente do Grupo Carlos Lyra em seu escritório em Alagoas em 2002 – Foto: JornalCana

Faleceu na madrugada deste domingo (20), o empresário Carlos Benigno Pereira de Lyra Neto. A morte do fundador do Grupo Carlos Lyra, aos 92 anos, foi decorrente de causas naturais e aconteceu em sua casa localizada em Maceió (AL). Lyra deixa a mulher Nancy Virgínia Karns Lyra e dois filhos. Seu corpo foi cremado em Recife (PE), cidade onde nasceu.

Carlos Lyra e Maurílio Biagi Filho, em 2002, durante o Prêmio MasterCana

Conhecido como um dos ícones do setor sucroenergético, Carlos Lyra, fundou o grupo homônimo, que possui atualmente quatro unidades produtoras, segundo informações do InfoCana. São elas: Caeté — MatrizCaeté — Marituba, Caeté — Cachoeira e Caeté — Paulicéia.

Origens, vida acadêmica e início da carreira empresarial

Lyra nasceu em Recife no dia 20 de junho de 1925, filho de Salvador Pereira de Lyra e de Maria da Conceição Diniz Pereira de Lyra.  É parte de uma família que desde 1892 se dedica à agroindústria canavieira. Cursou engenharia química de 1947 a 1951 em Indiana, nos Estados Unidos. Voltando ao Brasil, ainda em 1951 assumiu o controle acionário da Algodoeira Lagense. Dando continuidade a suas atividades empresariais, em 1965 assumiu o controle acionário da Usina Caeté. Anos mais tarde, em 1976, fundou a Agropecuária Varrela.

Atuação política

Em setembro de 1978 foi eleito, pelo colégio eleitoral de Alagoas, suplente do senador indireto — ou biônico, nome consagrado pela imprensa — em chapa encabeçada por Arnon de Melo, político filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar instaurado no país em abril de 1964. No ano seguinte, Lyra fundou a Agroindustrial Marituba Ltda. Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979, e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se à nova agremiação governista, o Partido Democrático Social (PDS).

Em 1981, assumiu a vaga de Arnon de Melo, que se licenciara do Senado por motivo de saúde. Com a morte do titular em setembro de 1983, foi efetivado no mandato. Ainda em 1985, Carlos Lyra saiu do PDS para filiar-se ao Partido da Frente Liberal (PFL).

Durante seu mandato, Lyra participou da reunião da Junta Diretora do Parlamento Latino-Americano em Buenos Aires, em 1985. Ainda no mesmo ano, integrou a delegação brasileira à Assembléia Extraordinária do Parlamento Latino-Americano em Punta del Leste, no Uruguai.

Ampliação do Grupo Carlos Lyra

Ávido leitor do JornalCana, Lyra foi conselheiro editorial da publicação no final da década de 1990

Em 1986, assumiu o controle acionário da Usina Cachoeira e fundou a Sociedade de Táxi-Aéreo do Nordeste. Permaneceu no Senado até janeiro de 1987, ao final da legislatura e afastou-se das atividades políticas.

Em 1991, assumiu o controle da Produtos Químicos e Fertilizantes e, no ano seguinte, da Fábrica da Pedra, empresa do setor têxtil. Três anos depois, fundou a Rádio Pioneira de Delmiro Gouveia (AM e FM) e a Agro-Industrial Volta Grande, empresa açucareira localizada em Minas Gerais. Em 1995 fundou a holding do seu grupo empresarial, a Lagense S.A — Administração e Participação, sediada em Maceió.

Conselheiro da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, em Uberaba (MG), tornou-se membro do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos e vice-presidente da Associação dos Criadores de Alagoas.

Premiações

Carlos Lyra discursa durante Prêmio MasterCana

Além de ser premiado na categoria Empresário do Ano em algumas edições do Prêmio MasterCana, Lyra fez parte da lista dos “100 Mais Influentes do Setor” em 2011, eleitos pela pesquisa MasterCana. Em seu discurso ao receber a láurea de Empresário do Ano no Prêmio MasterCana Nordeste em 2005, Lyra fez ode a Pernambuco e reivindicou subsídios. “Para mim é muito caro receber aqui esta comenda”, afirmou, emocionado, lembrou que a saga de sua família começou exatamente em Pernambuco, com a Usina Serra Grande, dirigida por seu avô, Carlos Lyra, e dali partiu para Alagoas.

Governador das Alagoas lamenta morte de Lyra

O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), lamentou, em nota, o falecimento de Lyra:

Alagoas sofre uma grande perda com o falecimento do empresário Carlos Lyra. No comando de suas empresas, Carlos Benigno Pereira de Lyra Neto foi um impulsionador do crescimento e modernização do parque industrial alagoano, não apenas no setor sucroenergético, mas também nos setores têxtil, de bioeletricidade, transporte aéreo, radiodifusão e pecuária, onde atuou com o mesmo entusiasmo e eficiência.

Alagoas também é grata a Carlos Lyra por sua sensibilidade social. Nas empresas de seu grupo sempre estiveram presentes o compromisso com a erradicação do trabalho infantil e o investimento em escolas e serviços de saúde para os trabalhadores e suas famílias. A Fundação Abrinq certificou o grupo como Empresa Amiga da Criança.

Ex-senador por Alagoas, Carlos Lyra defendeu o Estado com inteligência e espírito público. Por tudo isso e por seu exemplo, ele fará falta a todos nós.

Em meu nome e o de Renata, envio nossa solidariedade à família enlutada neste momento de dor e saudade.

 

 

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