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GVO renegocia dívida e agora foca operação

O GVO possui quatro unidades no interior paulista

Golpeado pela crise que marcou o segmento sucroalcooleiro na primeira metade desta década, o Grupo Virgolino de Oliveira (GVO) está prestes a colocar um ponto final na renegociação de sua dívida de US$ 800 milhões com bondholders, que já dura mais de dois anos. A empresa conta com quatro usinas no interior do Estado de São Paulo, com capacidade conjunta para processar mais de 10 milhões de toneladas de cana por safra, e registrou receita líquida de R$ 408,9 milhões na safra 2015/16.

De acordo com uma fonte que acompanha as negociações, o acordo que está sendo finalizado prevê a alocação de ativos não operacionais do GVO, entre os quais suas participações na trading Copersucar e no Cento de Tecnologia Canavieira (CTC), em uma nova empresa, que passará a ser controlada por esses credores. Procurado pelo Valor, o grupo preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

Em linha com a estratégia definida, o GVO apresentou seu pedido de desligamento da Copersucar S.A. – na qual é a maior acionista, com participação de 11,0572% – ao término da safra 2016/17, em 31 de março, como confirmou o presidente do conselho de administração da trading, Luís Roberto Pogetti, em teleconferência com jornalistas. Em 2015, o GVO já havia se afastado da cooperativa Copersucar e começado a cuidar da comercialização de seus produtos, sem a intermediação da trading Copersucar S.A.

A distribuição das ações do GVO na Copersucar S.A. será definida pelos bondholders. Duas fontes disseram que a tendência é que as ações sejam vendidas aos atuais sócios da trading, já que o acordo de acionistas lhes dá esse direito. Com a saída do GVO, a Zilor, dona de três usinas em São Paulo, cuja fatia atualmente é de 11,0517%, será a maior sócia. Em seguida virá a Pedra Agroindustrial, que tem quatro usinas no Estado e participação de 10,0310%.

Nessa nova empresa que passará ao controle dos bondholders do GVO também serão alocados processos judiciais que preveem valores a receber e algumas propriedades rurais localizadas em áreas que foram urbanizadas. A perspectiva é que o acordo com os bondholders resulte em uma redução imediata de cerca de 70% da dívida com esses credores. O acerto prevê que o valor restante – cerca de US$ 260 milhões – seja pago em dez anos, com três anos de carência.

As negociações tiveram início depois que a empresa deixou de pagar juros aos detentores de bonds, o que levou as agências de rating a rebaixarem sua nota de crédito para “calote”. A empresa chegou a ser a maior emissora de bonds do segmento sucroalcooleiro, mas não conseguiu mais pagar os cupons diante de um ciclo de cinco anos de superávit de açúcar no mundo e do controle de preços dos combustíveis no Brasil.

A amortização imediata da maior parte da dívida foi a forma que o GVO e seus bondholders encontraram para que a empresa continue operando e gerando caixa, de forma que o restante dos débitos – com os próprios bondholders e com outros credores – também possa ser pago. O Valor apurou que, no total, o valor das dívidas do grupo deve cair para R$ 1,3 bilhão. A expectativa é que, com a geração de caixa, a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) diminua para 3,5 vezes.

O GVO já havia alongado para sete anos o prazo de pagamento de dívidas de R$ 335 milhões com bancos – Itaú, Banco do Brasil e Credit Suisse, que liderava um empréstimo sindicalizado. Resolvido o problema com os bondholders, o próximo passo será fortalecer o desempenho operacional. Nesta safra (2017/18), a empresa deverá processar 8,6 milhões de toneladas. Mas suas quatro usinas, localizadas em Catanduva, Itapira, José Bonifácio, Monções, já chegaram a moer 11 milhões de toneladas.

As receitas também dependerão de uma política comercial bem afinada, já que os preços de açúcar e etanol estão em queda. Mas, segundo uma fonte próxima à empresa, parte da produção de açúcar esperada para esta safra já está com preços fixados acima dos atuais patamares internacionais.

Fonte: (Valor)

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