Usinas

Gestores explicam como reduzir custos do plantio e replantio da cana  

Webinar do JornalCana mostrou as inovações usadas por produtores e usinas

Foto: Divulgação
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A Quarta Técnica JornalCana desta semana, trouxe cases que mostraram as inovações no plantio e replantio de cana-de-açúcar. Envolvendo um gasto alto no custo final da produção, gestores de usinas e produtores alertaram que é preciso levar em conta algumas ações para obter resultados positivos. Entre elas, destacaram a importância de um bom planejamento agrícola; escolher as variedades de acordo com a época de plantio; fazer a adubação e o controle de pragas daninhas.

Alecio Cantalogo Junior, gestor operacional de produção agrícola da Bevap, mostrou as novidades usadas na usina localizada em João Pinheiro (MG), onde tem 31 mil hectares de cana, sendo 100% irrigados. Desde setembro de 2019, o plantio deixou de ser mecanizado convencional e passou a ser 100% no sistema MPB.

Alecio Cantalogo Junior

“Há dois anos, nossos canaviais têm produtividade acima de 100 toneladas por hectares e isso devido aos investimentos em tecnologia realizados, irrigação, alterações no manejo agronômico; plantio e colheita com RTK, visando a longevidade da soqueira e treinamento constante da equipe”, explicou o gestor.

A mudança para o plantio 100% MPB foi tomada devido ao alto índice de falhas nos canaviais proporcionadas pelo plantio mecanizado. Agora este índice é de 1,5%. Além disso, a MPB possibilita a maior rapidez na introdução de uma nova variedade e reduz custos com mudas. “No plantio mecanizado usávamos de 15 a 20 toneladas de mudas e no MPB, 9500 mudas por hectares. Mas ainda existe um gargalo na operacionalização do plantio de MPB em grandes áreas comerciais”, relatou.

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Júlio Marcos Campanhão

Júlio Marcos Campanhão, da Agrocamp, falou sobre falhas no canavial e replantio. Segundo ele, uma das principais causas da produtividade agrícola da cana-de-açúcar estar abaixo do potencial do solo, assim como a redução da produtividade ao longo dos cortes, são as falhas presentes nestes canaviais.

Os prejuízos causados pelas falhas em um canavial são altos. Vão desde o aumento do valor do arrendamento, já que paga-se por 100 % da área, mas explora menos; insumos e operações são desperdiçados; há ausência da produção; aumento dos custos no controle de plantas daninhas e aumento no custo da colheita.

“Um canavial com 10% de falhas acarreta um prejuízo anual de R$ 907,00 por hectare. Os dados atualmente disponíveis mostram que por um valor inferior, faz-se o replantio nesta área com resultados que se prolongam para mais quatro anos no mínimo, assim o investimento diluído nestes anos viabiliza esta técnica, tornando sem dúvida a tecnologia com maior custo x benefício dos últimos anos”, explicou.

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O especialista deu como exemplo também a produção na safra passada no Centro-Sul, que foi de 590,3 milhões de toneladas, com produtividade média de 76,5 t/há, e área colhida de 7,729.000 hectares. “Considerando uma média conservadora de 12% de falhas nestes canaviais, teremos 927 mil hectares improdutivos, deixando de produzir 75 milhões de toneladas, ou seja, 25 usinas de três milhões de toneladas”, disse.

Campanhão afirmou ainda que o plantio de meiosi contribuiu para aumentar a oferta de cana para moagem na região Centro-Sul. “E o replantio será outra importante tecnologia para alimentar esta oferta, porém, com maior potencial”, disse. Além de dar sugestões, como o que é preciso fazer antes do replantio para baixar os custos, como no caso, observar as falhas, sendo que a maior parte delas está relacionada com a gestão agrícola no planejamento. Além da execução e condução das atividades relacionadas aos processos de produção.

Kamyro Bastos

Kamyro Bastos, superintendente agrícola na BP Bunge Bioenergia, apresentou a palestra “Inovação no processo de plantio com objetivo de reduzir os custos e melhorar a qualidade”.

Com 11 unidades em 5 estados, a companhia tem 450 mil hectares sob sua gestão e uma produção de 32 milhões de toneladas de cana. Para administrar tudo isso, emprega um modelo robusto de gestão de qualidade, com uso de tecnologias para otimização de estrutura na qualidade operacional.

Bastos afirmou que a estratégia de meiosi contribuiu tanto para o aumento do TCH dos canaviais quanto para a otimização de custo. “O grupo vem experimentando meiosi já há três anos de maneira mais intensa. Em 2021, o volume de meiosi irá representar mais de 50% do sistema de plantio.

Segundo ele, a meiosi tem um custo bastante competitivo e vem contribuindo para a redução do custo de formação de canaviais e para o avanço do TCH da cana planta desde 2008. “O custo vem se reduzindo, sendo que reduziu 8% em 2018, e ano passado, 15%. Acreditamos que tem espaço para mais que isso”, comentou.

Outro ponto que a empresa vem experimentando é a desdobra de meiosi com operadores “Faz sentido, porém tem que se fazer uma análise muito criteriosa do time que vai trabalhar com o sistema”, alertou.

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Rodrigo Corrêa

O diretor agrícola da Usina Lins, Rodrigo Corrêa, detalhou as ações feitas na usina para conseguir canaviais mais produtivos e reduzir as falhas, que chegavam a 6%. “Pensamos até em abandonar o plantio mecanizado devido ao índice de falhas, mas com a implementação da meiosi, baixamos esse índice para 3,5% e buscamos melhorar cada vez mais”, disse.

Além disso, conseguiram a redução dos custos, em cerca de 30%. “O que paga o investimento é a produtividade e longevidade. Esse tem sido o nosso desafio mesmo em ambiente restrito”, afirmou.

Com planejamento de aumentar a sua moagem para 4 milhões de toneladas, ante três milhões processadas na safra passada, a companhia vai fazer o replantio de 11 mil hectares este ano, sendo que 60% será pelo plantio mecanizado convencional e 40% com meiosi. Neste caso, 75% proveniente de cana e 25%, de MPB. Além do replantio de 1.500 hectares.

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Corrêa afirmou que o sucesso do plantio depende de um controle rigorosa da qualidade. Na usina buscaram adaptação do plantio às condições edafoclimáticas da região. Além do uso de tecnologias disponíveis com foco em produtividade, longevidade e custos.

Sobre meiosi ainda, o diretor ressaltou que o que encarece o sistema é a irrigação. “Por ser um ano atípico, com déficit hídrico, temos áreas plantadas este ano com MPB que foram preciso fazer cinco irrigações, pois o solo é arenoso e a capacidade de armazenagem da água é baixa”, explicou.

Ricardo Delarco

O sistema de meiosi também foi defendido pelos produtores e fornecedores de cana da Usina Nardini, Renato e Ricardo Delarco.

“Quem quer ficar no setor de cana, tem que usar o sistema de meiosi, pois o seu plantio é 25% mais barato que o plantio convencional. Como você vai ficar no mercado competitivo, plantando mais caro?”, perguntam os produtores, que mostraram como conseguem manter canaviais com média de 12 cortes e TCH acima de 100.

Os produtores mostraram com detalhes exemplos de lavoura com cana produtiva apesar da estiagem e, em contraste, um canavial afetado pela seca. Como também, apresentaram outras soluções para plantio e replantio de cana com alta produtividade.

O Webinar JornalCana foi apresentado pelo jornalista e diretor da ProCana Brasil, Josias Messias e contou com patrocínio da DMB — A marca da cana; HB Saúde – Humanização e Tecnologia em Saúde; Pró-Usinas – Empresa do Grupo ProCana focada em tecnologia e inovação de resultados para as usinas e S-PAA Soteica – Software de ARTO que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, instalado em mais de 40 usinas e gerando ganhos superiores a R$ 1/TC. Veja mais em www.usina40.com.br.

Assista ao webinar completo:

Esta matéria faz parte da edição de outubro do JornalCana.

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