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Falando das práticas de RH – parte 2

“Somos contratados para fazer a estratégia, mas demitidos por erros na operação de RH”.

— Cícero Penha, VP de Talentos Humanos do Grupo Algar.

Na proposta de trazer uma reflexão séria e importante sobre a atuação da área de RH, como contribuição à melhoria da qualidade e profissionalismo das entregas que temos como missão ofertar a nossos clientes internos e externos, falarei de temas que fazem parte da nossa rotina há tempo, mas que ainda são feitos de forma superficial, incompleta ou pouco lapidada. O que é pior: muito pouco preocupada com as pessoas, que são a nossa maior riqueza. Não é isso que discursamos?

No espaço desse mês, seguindo a rota de um profissional dentro da organização, tratarei da fase de integração, acolhida e adaptação das pessoas nas organizações.

Corremos contra o tempo para preencher vagas, colocá-las dentro da empresa e cumprir nossos indicadores de prazo de preenchimento de posições. Pronto: missão cumprida, MP arquivada e gestor atendido até a próxima exigência (“como eles nos dão trabalho!!!”). Até aqui fazemos o máximo para achar as pessoas, avaliá-las, convencê-las a trabalhar conosco e entregá-las ao gestor. Depois achamos que fazendo a nossa parte, o restante fica a cargo de quem a solicitou.

E a pessoa entra, cheia de expectativas, anseios, medos e inseguranças perante o novo, e se depara com um cenário diferente daquele que viveu um pouquinho antes. O que eu chamo do início da solidão funcional.

Empresas, em geral, largam as pessoas assim que elas entram: parece algo pesado de se dizer, mas é a grande verdade. O resultado disso são os desencontros que vemos quanto à não adaptação ao cargo, à cultura, ao gestor, às exigências, aos códigos de conduta e mesmo às oportunidades que poderiam se transformar em sucesso.

Sim, nós fazemos a integração das pessoas: as colocamos numa sala ou auditório, rezamos uma cartilha ensaiada, passamos um filme e, quando o processo é mais caprichado, ainda promovemos uma visitação na empresa e finalizamos com um coffe. Depois disso as entregamos aos seus responsáveis e só passamos para dar uma olhada como as coisas estão quando precisamos cumprir o procedimento de encaminhar e recolher a avaliação de experiência, para lançar os dados numa planilha ou sistema e gerar informações frias, mas que servirão para alguma coisa num futuro próximo. Ah, sim, para gerar os indicadores que serão apresentados numa reunião de caráter estratégica.

E aí as pessoas são recebidas por aqueles que vão conviver num período longo à frente, e terão que se virar para que tudo dê certo. Vejam bem, sei que existem conversas, apresentação das instruções de trabalho, chegadas comemoradas e informadas num canal de comunicação interno, entre outras ações de praxe, mas a verdadeira acolhida, aquela que tem que ser planejada, alinhada e acompanhada até que o profissional se sinta e demonstre estar integrado com seu trabalho, seus desafios, seu superior, com as políticas e normas internas, com os resultados esperados dele, e do outro lado, o gestor identifique que ele se apresenta pronto para esse todo, essa não acontece da forma que precisaria ser feita.

Sim, a responsabilidade sobre o profissional é do gestor, mas temos que lembrar que muitas vezes este, sozinho, não está preparado para essa complexa missão e nós temos a obrigação, e isso é ser também estratégico, de promover ações que garantam um suporte a essa fase que eu considero uma das mais críticas de uma pessoa que inicia uma nova jornada profissional num local novo, de cultura e expectativas desconhecidas. E não temos dado a atenção devida a isso.

Acolher, integrar e adaptar uma pessoa ao nosso mundo requer muito mais do que simplesmente cumprir alguns frios protocolos. Não podemos perder pessoas boas por falta de um bom trato desde o começo, não somente na seleção, mas especialmente quando as trazemos para dentro. Assim como tratamos com hospitalidade, generosidade, dedicação e gentileza as nossas visitas, as pessoas especiais que convidamos para a nossa casa.

Seguindo adiante, falarei no próximo mês da fase do período de experiência, que considero um processo conjunto com a integração, pois ele começa quando a pessoa chega à empresa, assim como a integração não termina depois que ela cumpre seu primeiro dia.

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