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Especialistas veem queda de produtividade para a próxima safra

Variedades de cultura, preparação do solo e reforço nutricional são algumas medidas que podem reduzir a perda

O número elevado de queimadas em 2021 impactou a produtividade dos canaviais
O número elevado de queimadas em 2021 impactou a produtividade dos canaviais

O stress da cana e suas consequências para a próxima safra foi um dos temas debatidos durante a II Semana Canavieira – Reunião Canaplan, realizada entre 25 a 29 de outubro. Por conta da queda na produtividade desta safra, atribuída em grande parte ao déficit hídrico, os canaviais carregam consequências para o ciclo posterior. O que fazer para garantir um desempenho, pelo menos bom, para a próxima safra e mitigar as perdas foi a principal indagação do encontro.

Os especialistas apontaram algumas alternativas que podem ser adotadas pelos produtores, para minimizar esses efeitos. Para o professor Carlos Alexandre C. Crusciol, um ponto importante a ser observado é posicionamento correto das variedades e fazer um bom preparo do solo. “Onde foi feita uma adequada utilização do solo, com utilização de cultura adequada, esses canaviais apesar de terem sofrido, toleram bem mais esse período de stress”.

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Carlos Cruciol

“O preparo da lavoura facilita muito, e quem teve uma preocupação mais afinada em relação a nutrição, está tendo uma recuperação muito mais rápida. Isso faz parte da construção do brix, sendo ele mais competente, as lavouras tendem a ter uma recuperação”, explanou o professor Paulo Alexandre M. de Figueiredo. Segundo ele, a matéria orgânica é um assunto velho, mas que tem que ter uma roupa nova. “Como lição deixaria essa preocupação, pois uma preparação melhor antes do stress, certamente dará uma condição melhor no pós”, assegura o professor Paulo.

Antes de apontar alternativas, Nilceu P. Cardozo, consultor da Canaplan, lembra que existem variações muito grandes entre uma região e outra “O Centro-Sul passou por um período de seca. Quando tem chuvas acima da média em algum lugar, em outro, o índice está baixo. Então, cheguei a ver muita variação nessa questão. Às vezes é difícil determinar qual fator que prejudicou a planta (seca, fogo, geada, enfim) então é tudo muito variável”, disse.

Com relação às queimadas, Crusciol explicou que “as pessoas perguntam por que a queimada provocou tantos danos, se antes a cana era queimada. A questão está no acúmulo de palha, que vira um carvão e fica muito mais tempo queimando e provoca danos abaixo da superfície do solo”.

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Paulo Alexandre M. de Figueiredo

A Irrigação também foi uma das possíveis estratégias a serem adotadas. Os especialistas apontam, no entanto, cuidados a serem adotados com esse procedimento. Segundo Crusciol, a ciência da irrigação de suplementar a água na lavoura, depende de um mapeamento, da variedade, do ambiente e da distância da fonte de água.  “Se é uma irrigação de salvamento, é preciso definir em que variedade será aplicado essa irrigação. Endosso o crescimento pela estabilidade produtiva, mas acho que não é apenas chegar e dizer vamos regar aqui, é importante ter o conhecimento das variedades, para se fazer o investimento certo”, explicou.

Para Nilceu, “a gente fala em cana, a gente fala em toneladas. A indústria não enxerga por hectare, ela enxerga por tonelada. Quem tem irrigação está evoluindo, mas ainda falta essa percepção”, analisa.

Queda de produtividade

Nilceu Cardozo

Com relação à próxima safra, os especialistas apontam uma continuidade na queda de produção. O professor Paulo avalia que tem um atraso fisiológico e cronológico. “Um atraso de aproximadamente 30 dias, por outro lado a chuva está começando mais cedo, o que facilita o crescimento. Quero acreditar que teremos uma quebra de até 10%, mas é cedo para falar ainda”, disse.

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O professor Crusciol também entende que é ainda é precoce fazer um apontamento de queda. “Em algumas regiões a soqueira de abril está com a mesma idade de agosto, plantas com a mesma idade com diferenças fisiológicas de 4 meses. Acho que está meio cedo para avaliar essa queda, mas acredito que não chegue a 10%.”, disse

Para Nilceu será um ano de incerteza. “Não tem como ser otimista agora. Tem essas combinações, clima, crescimento da planta, então o cerco está fechando. Na melhor das hipóteses, ele só será melhor se for comparado a esse ano. Então como tivemos um ano tão atípico fica difícil de se ter uma base”, concluiu.

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