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Entressafra da cana e petróleo ditam cotações do açúcar e etanol

Afirmação é do BTG Pactual Digital

Foto: Relatório BTG Pactual Digital

As últimas semanas foram acompanhadas de eventos marcantes para as commodities, que provocaram, inclusive, mudanças no direcional de preços. As negociações do petróleo, ao contrário do minério de ferro, que voltou ao campo positivo na variação em 2021, apresentaram aceleração da tendência que já era apresentada em nosso último relatório, ou seja, de alta.

A oferta restrita nos EUA e a manutenção do guidance da OPEP entram na conta dos elementos altistas que esperávamos, mas a alta de 16% da cotação do tipo Brent é explicada principalmente pela crise de energia global, que é decorrente da junção entre o desarranjo produtivo causado pela pandemia, os problemas climáticos e as questões geopolíticas. Estes eventos têm provocado forte alta dos preços do carvão e do gás natural, que, por “efeito substituição”, impulsionam as cotações do petróleo.

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A manutenção do cenário de alta dos preços do petróleo no mercado internacional segue pressionando os preços da gasolina e, por consequência do etanol. Além disso, os estoques globais de açúcar em níveis baixos e a expectativa de números ruins na produção brasileira seguem levando as negociações para preços em níveis mais elevados, o que afeta diretamente o etanol e está contribuindo para levar a paridade etanol/gasolina novamente para o patamar de 78%, pico dos últimos anos, constata relatório sobre commodities elaborado pela equipe de macro research do BTG Pactual Digital.

Nesta direção, a preferência dos produtores pelo etanol anidro, que faz parte da composição da gasolina, também estimula este movimento de descolamento da paridade, e contrata níveis elevados para os preços à frente.

Oferta em baixa e atratividade do etanol ditam as cotações

De acordo com o BTG Pactual Digital, os preços no mercado nacional e internacional seguem em ascensão, puxados recentemente pela força do petróleo, que colabora para a valorização das cotações do açúcar pelo efeito substituição, ou seja, os consumidores globais entendem que haverá menor oferta de açúcar à frente devido ao crescimento das margens na produção de etanol.

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Além disso, o balanço de oferta segue desfavorável. As últimas apurações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) mostram que o volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras do Centro-Sul do Brasil alcançou 38,38 milhões de toneladas na 1ª metade de setembro, queda de 14,09% sobre o valor apurado na mesma quinzena da safra 2020/2021 – 44,67 milhões de toneladas. O número de usinas em operação reforça a afirmação de que a safra será encerrada mais cedo, visto que 254 empresas registraram produção até meados de setembro, versus 261 no ano passado.

“O cenário de preços do açúcar futuro segue com tendência de alta no longo prazo e tem retomada de apetite comprador no curto prazo. No gráfico diário, temos um pivô de alta (figura de impulsão compradora), e sugere novas altas, uma vez que o ativo se manteve acima do suporte dos 18,50. O preço trabalha acima da média móvel de 21 períodos, que sustenta a tendência de alta. A projeção da figura tem alvos baseado em Fibonacci nos 20,84 (161,8%) e 22,30 (200%), sendo importante ressaltar que nosso primeiro alvo de 20,07 (141,4%) já foi atingido”, explicou o banco.

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Segundo o relatório, como a entressafra de cana será mais extensa devido às adversidades climáticas deste ano, cresce a probabilidade de os preços do etanol ficarem elevados por mais tempo.

“Neste momento, um elemento muito importante que está contribuindo para a alta nas cotações de etanol é a aceleração dos preços de petróleo, que mantém a atratividade do etanol anidro. A UNICA ressalta que o volume fabricado na primeira quinzena de setembro deste ano só foi verificado na safra 2017/2018, quando a moagem de cana-de-açúcar era muito superior. A despeito da retração nas produções de etanol hidratado e açúcar, a produção de etanol anidro deve crescer mais de 500 milhões de litros neste ciclo”, afirmou.

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Já o etanol futuro segue com pressão compradora, tanto no longo prazo quanto nos prazos menores. “O gráfico diário demonstra continuidade da alta, e o Índice de Força Relativa (indicador que mostra aceleração de tendência) é de 83,75, um patamar elevado e que mostra a possibilidade de um nível “sobrecomprado”. O pivô de alta (figura de continuidade) formada entre 26/03 e 02/06 pode ser projetada com alvos de Fibonacci em 3546,00 (161,8%) e 3865,00 (200%)”, informa o banco.

Perspectivas

Sobre as perspectivas para o setor, o BTG Pactual Digital informa que o clima e a escassez global de açúcar continuará sendo o principal elemento de pressão sobre os preços nas próximas semanas. “A Tailândia pode trazer panorama mais positivo para a oferta. Já o biocombustível deve seguir os passos da gasolina no mercado interno, que pode ser impactada pelo crescimento da demanda a partir da normalização da economia”, conclui.

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