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Entidades alertam sobre critérios de definição das métricas de sequestro carbono

Os atuais modelos não levam em consideração as particularidades do clima tropical

Os critérios utilizados para estabelecer as métricas relativas ao sequestro de carbono e a busca de uma padronização que atenda as características de um país com clima tropical, como é o caso do Brasil, foram a pauta do encontro sobre Bioeconomia, promovido pelo Comitê de Relações Internacionais da Sociedade Rural Brasileira, no dia 13, em São Paulo – SP.

O debate contou com a participação do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues; o embaixador Rubens Barbosa; o chefe do departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, Alexandre Ghisleni; o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Augusto Morandi e o presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), deputado Nilson Leitão.

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Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV Agro, alerta sobre a necessidade de se buscar métricas mais consistentes para definir o mercado de carbono.

“Nos últimos anos essas métricas foram sendo definidas sem o embasamento da ciência. Por isso, o Brasil precisa participar da construção destas metodologias, considerando a produção num ambiente tropical”, destacou Vargas, indicando que este tema será o centro das discussões da COP 27, que vai ser realizada este ano no Egito. Como exemplo citou a pecuária: “não se pode dar ao biometano derivado da pecuária o mesmo peso que o metano derivado do petróleo”, explicando a necessidade de defender essa métrica no mercado mundial.

Para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, faltam ações coordenadas do setor que precisa se unir para tratar desta questão. “Está cheio de gente falando deste tema, mas nossas ações estão descoordenadas”, declarou. O presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Nilson Leitão, concordou que o setor precisa unificar a discussão.

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“O produtor rural é operário de tudo isso, o que está faltando é uma organização da sociedade civil. Não podemos mais ser conduzidos pelo olhar de estranhos, de quem não vive aqui”, declarou o ex-deputado. O embaixador Rubens Barbosa, disse que o Itamaraty precisa estar inserido nestas discussões, unindo a coordenação científica, técnica e as relações internacionais.

Marcelo Morandi, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, concorda com a avaliação de que as metodologias usadas hoje, como métricas, são baseadas em clima temperado. “Nenhum destes modelos consideram a segunda safra, por exemplo, ou a capacidade do país tropical fazer fotossíntese o ano todo, retirando carbono da atmosfera”, destacou, alertando para a necessidade do Brasil influenciar as mudanças destas metodologias, incluindo as características tropicais e corrigindo as distorções.

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A presidente da SRB, Teresa Vendramini, destaca a competência científica nacional para conduzir e participar da definição dessas novas métricas. “A Sociedade Rural Brasileira levantou neste encontro um importante alerta que vai definir a vida dos produtores rurais, do agronegócio e da economia do nosso país. Temos competência, pesquisa e ciência para conduzir a discussão destas métricas, mas precisamos que o setor e o governo se organizem e abracem essa ideia”, concluiu.

 

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