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Descarbonização no setor de transportes até 2030 ocorrerá por através de biocombustíveis

Tatiana Bruce, da FGV

Com a disseminação dos veículos elétricos ao redor do planeta, é comum imaginar um cenário no qual todos os carros do Brasil serão elétricos e qual impacto suas recargas causariam na rede elétrica. De acordo com a pesquisadora da FGV Energia, Tatiana Bruce, uma situação em que todos os veículos elétricos (VEs) do país estarão ligados na tomada simultaneamente é possível, mas altamente improvável.

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“Quando os carros 100% elétricos forem parte significativa da frota brasileira, a tecnologia e regulação terão evoluído de forma que recargas desordenadas, que elevariam perigosamente a demanda de pico, não serão a norma”, explica Tatiana Bruce.

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A pesquisadora da FGV Energia ressalta que a descarbonização no setor de transportes até 2030 ocorrerá por meio da utilização de biocombustíveis. Bruce aponta que o Relatório de Mobilidade Elétrica, desenvolvido pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GESEL), descreve um cenário no qual os VEs representam 20% da frota nacional, percorrendo
8 mil km por ano e consumindo 6 kWh/km.

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“Dadas essas premissas, a demanda de eletricidade desses veículos equivaleria a menos de 2% de toda eletricidade consumida no país em 2011. Quanto à potência, o acréscimo seria de 10%, caso o abastecimento dos veículos ocorresse após as 18 horas”, diz a pesquisadora da FGV Energia.

Tatiana Bruce relata ainda que, em estudo da CPFL, considerando uma participação na frota veicular total de 4% a 10% até 2030, o consumo de energia elétrica adicional causado por esses veículos seria de 0,6% a 1,6%. “No caso do impacto na rede, simulações computacionais concluíram que a capacidade atual conseguiria suportar essa carga adicional – seria uma situação semelhante à instalação de um novo shopping ou edifício comercial. Com a disseminação de redes inteligentes, futuramente esse cenário seria melhor manejável”, esclarece a especialista.

Por fim, Tatiana Bruce menciona que todas essas baterias de veículos elétricos são uma grande oportunidade de armazenamento de energia para fontes intermitentes, como a eólica e solar. “No momento em que carros elétricos se tornarem mainstream também no Brasil, a tecnologia vehicle to grid — em que a eletricidade armazenada na bateria dos VEs é realimentada ao grid, podendo ser utilizada como recurso energético distribuído a ser despachado pelo operador do sistema — também já terá evoluído e poderá ser utilizada no nosso país”, acrescenta a pesquisadora da FGV Energia.

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