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Dedini enxuga operações para quitar dívidas da recuperação

O Grupo Dedini está enxugando suas operações para tentar entregar resultados que garantam a quitação de seus débitos depois que o plano de recuperação judicial for aprovado pelos credores.

Na semana passada, a companhia anunciou que a Dedini Indústria de Base, voltada ao segmento de açúcar e etanol e que representa 96% da receita do grupo, fechou temporariamente sua fábrica localizada em Sertãozinho (SP). Foram demitidos cerca de 100 funcionários.

A medida já vinha sendo sinalizada em documentos da empresa. Em relatório de atividades de janeiro a maio deste ano anexado aos autos do processo de recuperação judicial, a companhia informa que a planta de Sertãozinho estava operando com 15% a 20% da capacidade instalada neste ano.

Em maio, a unidade tinha R$ 1,719 milhão em salários atrasados, sendo R$ 442 mil para funcionários que ainda estavam ativos. No total, o grupo tinha naquele mês R$ 8,9 milhões em salários atrasados.

No relatório anexado aos autos, afirma-se que, “devido aos altos custos fixos e quadro de funcionários desproporcional frente à geração de faturamento, torna-se inviável economicamente a continuidade das atividades nessa unidade”.

No mesmo documento, a empresa indica que a Dedini Indústria de Base faria uma “concentração das atividades” na fábrica de Piracicaba, que em maio operava com 50% da capacidade instalada.

A decisão de fechar a unidade de Sertãozinho insere-se em uma diretriz de readequação do tamanho da empresa, que já planeja a venda de outros ativos para abater suas dívidas, sobretudo com credores trabalhistas.

De janeiro até maio, 272 pessoas já haviam sido demitidas em todo o grupo. Naquele mês, o Grupo Dedini empregava 1.157 funcionários, enquanto em maio do ano passado havia quase 2,5 mil.

Em sua estratégia industrial de readequações, a empresa lista diversas ações em relação ao quadro de funcionários. Conforme o documento, a empresa deve “analisar a versatilidade junto ao quadro de trabalhadores a fim de permitir atender as demandas de acordo com sua sazonalidade”, e “readequar o quadro de trabalhadores para a atual necessidade, planejar trabalhadores temporários de acordo com as demandas, [e realizar o] planejamento de redução de jornada nas unidades onde seja apresentada sazonalidade”.

A Dedini ainda indica no documento que pretende “garantir prazos e qualidade dos produtos aos clientes, intensificar a utilização das máquinas com maior índice de produtividade” e “intensificar programas de redução de custos e otimização de processos e arrendamento de células produtivas”.

Esse enxugamento das operações acontece diante da retração das receitas. De fevereiro a maio, a Dedini Indústria de Base faturou R$ 74 milhões, queda de 23% na comparação anual, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do grupo foi negativo em R$ 13,8 milhões. De acordo com o documento, “essa redução foi reflexo da atual situação econômica e do fato de o grupo estar em recuperação judicial, que afetou a venda de novos contratos”.

As dívidas sujeitas à recuperação somam R$ 126,3 milhões. A maior parte do débito é tributário, com R$ 1,7 bilhão (74% do passivo total), e será tratado após aprovação do plano de recuperação.

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