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Czarnikow cria programa global de sustentabilidade para açúcar

Medeiros: "não queremos competir, mas contribuir para essa demanda"
Medeiros: “não queremos competir, mas contribuir para essa demanda”

Uma das principais tradings de açúcar do mundo, a inglesa Czarnikow decidiu criar um programa de sustentabilidade para a cadeia do açúcar, uma das commodities mais negociadas no mundo. A companhia, que movimenta cerca de 10% do açúcar exportado globalmente e gera negócios da ordem de US$ 3 bilhões por ano, se uniu à certificadora inglesa AB Sustain para criar a Thrive. O foco é inserir todos os elos da cadeia na plataforma – produtores, indústrias, empresas de transporte, operadores portuários e até o varejo.

Não se trata de uma certificadora, explicou ao Valor o diretor da Czarnikow no Brasil, Tiago Medeiros. Mas sim de um programa de sustentabilidade baseado na auto avaliação dos participantes, com auditoria da AB Sustain. O programa lançará mão de ferramentas de tecnologia – de tablets a imagens de satélite -, para construir uma base de dados com atualização online e que será acessada diretamente pelos integrantes da cadeia que aderirem.

A trading, que tem como acionistas o banco australiano Macquarie e a produtora de açúcar inglesa AB Foods, não vê ganhos de curto prazo com a Thrive. “Eles podem surgir no futuro mas, por ora, essa não é a nossa preocupação”, afirmou Medeiros. A principal motivação para o projeto, segundo ele, vem da demanda por parte dos clientes industriais – multinacionais de alimentação – por esse tipo de rastreabilidade.

A plataforma, inaugurada ontem, já nasceu com a base de clientes da Bonsucro, uma organização sem fins lucrativos que hoje é a maior certificadora do mundo de açúcar e etanol feitos a partir de cana-de-açúcar. Os detentores do certificado Bonsucro – 47 produtores, que respondem por 4% da área de cana no mundo – passaram a integrar a plataforma Thrive, que também começou a operar com novos clientes próprios. “Começamos com um grupo de usinas no Brasil, duas refinarias no exterior e empresas de transporte rodoviário e marítimo”, citou Medeiros. Ele esclareceu que a adesão à Thrive não obriga o participante a fazer negócios com a Czarnikow.

O diferencial da Thrive, segundo o executivo, é incluir todos os elos da cadeia num só programa. Há, segundo ele, uma grande fragmentação no mercado, com certificadoras que atuam em determinados elos, mas não em todos. A proposta da plataforma, segundo ele, não é binária: “ou é ou não é sustentável”. Mas é de dar oportunidade aos integrantes para avançar de forma progressiva dentro dos critérios de sustentabilidade estabelecidos na plataforma. “Se a empresa ‘X’ teve uma nota ‘4’, que é a mínima, ela entra na plataforma, mas precisa cumprir metas para, no ano seguinte, obter nota 5. E assim, sucessivamente”, explicou.

Ter um selo de sustentabilidade ainda não significa um ganho monetário a produtores e fornecedores no mundo dos negócios, explica o executivo. “Mas no futuro, não estar em um programa pode se tornar uma restrição para acessar alguns mercados”.

Fonte: (Valor)

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