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Czarnikow aumenta estimativa de moagem de cana no Centro-Sul em 2022/23

Usinas devem optar por maior flexibilidade em volumes ainda não contratados e precificados

A Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços, aumentou a sua estimativa de moagem de cana-de-açúcar para a safra 2022/23 no Centro-Sul do Brasil, em 11 milhões toneladas, passando para 551 milhões de toneladas de cana.

Com esse volume, a previsão é que seja produzido 32.7 milhões de toneladas de açúcar e 25.3 bilhões de litros de etanol de cana.

“Mas ao contrário das safras passadas, não podemos afirmar que veremos uma maximização do mix para açúcar, já que a palavra-chave desta safra é flexibilidade”, afirmou a consultora da trading, Catarina Junqueira.

A recente previsão é baseada nas condições climáticas apresentadas neste ano. As chuvas do primeiro trimestre, que são essenciais ao bom desenvolvimento do canavial, terminaram 20% abaixo da média nas regiões de cana do Centro-Sul. À primeira vista não parece um volume muito promissor, mas é bem melhor que o volume quase 40% abaixo registrado no mesmo período de 2021.

“A precipitação, embora menor que a média, é seguida de chuvas boas do último trimestre do ano passado o que traz alívio aos canaviais e deve ter um impacto positivo para a produtividade agrícola (TCH) no CS. No entanto, não acreditamos que o TCH tenha um espaço muito grande para se recuperar. Outros fatores também determinam o bom desenvolvimento da cana, como idade e tratos culturais”, explica Catarina.

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De acordo com ela, os canaviais neste ciclo estão mais velhos, já que o clima seco do ano passado impediu as usinas de darem continuidade aos planos de renovação. “Um canavial mais velho é mais suscetível a um clima adverso. Nossa estimativa no momento aponta para uma recuperação de pouco mais de 7% no TCH para esta safra, indo para 73.23 tc/ha. Devido a isso, elevamos nosso volume de moagem”, comentou.

(Divulgação Czarnikow)

Com relação ao mix, a consultora ressalta que, depois de duas safras oferecendo retornos maiores, o açúcar parece perder espaço para o etanol. Com os preços do etanol em alta e um câmbio mais valorizado, o biocombustível está hoje cerca de 200 pontos acima do açúcar. Além disso, oferece maior liquidez (já que é pago geralmente D+1), e fica ainda mais atrativo para as usinas repensarem seu mix de produção.

“Quando analisamos por estado, em algumas regiões o etanol hoje chega a oferecer quase 300 pontos acima do açúcar por conta do diferencial de frete. Mas isto é hoje, e a safra mal começou”, disse Catarina.

A consultora lembra que, atualmente, as usinas já estão com mais que 70% do seu açúcar precificados e muitas unidades têm volumes de rolagens da safra passada, portanto, estão comprometidas a entregar este açúcar.

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Diferente do açúcar que é um produto normalmente hedgeável, no etanol o uso de contratos futuros é menos utilizado e quando usado um desconto é aplicado – ou seja, a curva futura na BMF não é necessariamente o que ele está conseguindo capturar no mercado.

(Foto Agência Brasil)

“Será que os usineiros estariam dispostos a ficar exposto a volatilidade do etanol? Não somente a volatilidade do preço, mas junta-se a isso a incerteza política deste ano”, elucida.

Outro fator, é a instabilidade dentro da Petrobras, que levanta ainda mais incertezas acerca da política de preços dos combustíveis, com medidas para reduzir o preço na bomba, como a decisão de zerar a tarifa de importações de etanol, mas nenhuma ação afetou os preços da gasolina nos postos, mas dependendo do desenrolar, a consultoria vê um limitador de alta para os preços da gasolina, o que, por sua vez, limita a alta de preços do etanol.

“Com isso estamos estimando um mix de produção de 44.3% para as usinas no CS. Um mix um pouco menos açucareiro que vimos na safra 2021/22 de 45%. Mas longe de um mix max etanol como das safras 2018/19 e 2019/20”, pondera.

 

 

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