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Credores não devem aceitar oferta da Amerra

Questões estão relacionadas ao edital e ao valor ofertado em leilão pela unidade Queiroz

Clealco – Unidade Queiroz

Cumprindo o Plano de Recuperação Judicial aprovado pela Assembleia Geral de Credores e homologado pela 1ª Vara Cível da Comarca de Birigui no dia 30 de maio deste ano, o Grupo Clealco colocou em leilão no dia 31 de outubro último sua unidade Queiroz.

Legalmente transformada em uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), a Queiroz está localizada no município paulista homônimo e possui uma capacidade de moagem de 4,5 milhões de toneladas de cana (TC) por safra.

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No certame judicial foi apresentada uma única proposta, no valor de US$ 47 milhões, por parte da Amerra Capital Management. Segundo o JornalCana apurou, a proposta apresenta pontos questionáveis do ponto de vista legal, pois não cumpre todas as características do edital.

Outra questão importante é quanto ao preço. O valor ofertado equivale a US$ 10.44/TC, considerando a capacidade de moagem da unidade, ou de US$ 15.66/TC levando em conta a exigência de oferta mínima de 3 milhões de toneladas de cana/safra, inclusa pela Amerra na proposta.

Qualquer que seja a conta, as cifras representam menos da metade do valor mais baixo pago por uma usina em operação e 3 vezes menor do valor que o mercado considera adequado no cenário atual, em torno de US$ 50/TC.

Segundo o plano da RJ, este valor proposto seria direcionado ao pagamento do grupo de credores “A” – prioritários com Garantia Real e Quirografários – formado majoritariamente por bancos. Este grupo tem a até o dia 15 de novembro para realizar uma reunião para decidir sobre o assunto e, diferentemente do noticiado por outros canais de comunicação, caminha para não aprovar a venda à Amerra.

Uma fonte chegou a afirmar que o valor proposto é inaceitável porque representa um desconto de 80% sobre o crédito total com a Clealco. “Não representa apenas um deságio inaceitável neste momento, como também abriria um precedente perigoso para as negociações em andamento com outros grupos que estão em recuperação judicial ou em situação difícil”, afirmou categoricamente o representante de um banco.

Melhora no cenário leva bancos a focar na recuperação de valor

A melhora nas perspectivas dos bancos com o mercado sucroenergético, prevendo um cenário mais favorável e remunerador a partir de 2020 – por conta de fatores como o RenovaBio e a recuperação nos preços do açúcar – pode estar acenando também para uma maior flexibilidade quanto ao tratamento dispensado às usinas e grupos grandes devedores.

Recentemente, uma usina deixou de engrossar as estatísticas de empresas em recuperação judicial no setor por conta de um acordo com os bancos, que aceitaram um tempo maior de carência para o turnaround da empresa. “É uma situação que já vem se desenrolando há anos, então porque não dar agora ao devedor condições de aproveitar a melhora prevista para o mercado, ao mesmo tempo que recuperamos valor dos nossos ativos? É uma questão de pragmatismo”, confidenciou o executivo.

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Clealco – Unidade Clementina

No caso da Clealco, ao que parece, os credores estão seguindo essa estratégia e preferem deixar a venda da Queiroz para um momento de preços adequados. E conta com prazo para isso pois, pelo Plano de Recuperação, um novo leilão pode ser convocado a qualquer momento, mas, em tese, a cláusula 6.2.1.1 abre a possibilidade de prorrogar a venda até 02 de maio de 2021. Só após este prazo, se não for efetivada a venda da UPI Queiroz, deve-se convocar uma nova Assembleia Geral de Credores

Clealco investe em plantio e produtividade

Enquanto isso, a Clealco segue cumprindo o Plano e obtendo indicadores operacionais interessantes. Consultado pelo JornalCana, o CEO da Clealco, Alberto Pedrosa informou que a moagem está prevista para terminar em 10 dias e deve alcançar 4,1 milhões TC, 100 mil TC a menos do que o planejado, mas com um ATR superior: 132 kg ATR/TC no acumulado da safra e 152 kg ATR/TC neste momento.

Alberto Pedrosa, CEO-Clealco Açúcar e Álcool

Como parte do Plano de recuperação judicial, a empresa realizou o plantio de 12.000 há (hectares) de cana este ano e segue planejando plantar mais 15.000 há para 2020. O objetivo é retomar a moagem na Unidade Clementina na safra 2020/21, moendo 5,5 milhões TC nas duas unidades, e 7,5 milhões em 3 anos, conforme prevê o Plano. A previsão é de reduzir a moagem em Queiroz para obter o máximo do mix para etanol, que continua remunerando melhor.

Com o mercado proporcionando melhores perspectivas de preços, bancos e fundos mais flexíveis e a volta de investidores estratégicos, vislumbra-se a possibilidade de que histórias de superação como a da Clealco passem a ser cada vez mais comuns, para o bem de todo o setor bioenergético.

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