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Contra ação judicial, Usina Caeté busca acordo com credor

Depois de deixar de pagar uma parcela de suas dívidas em julho, a Usina Caeté – pertencente ao tradicional Grupo Carlos Lyra, que controla três unidades sucroalcooleiras no Nordeste e outra em São Paulo – espera apresentar até o fim do mês uma proposta de acordo de “standstill”, pelo qual os credores se comprometem a não tomar nenhuma medida judicial contra a empresa por um determinado período.

Para costurar o acordo com os credores, a companhia contratou há pouco mais de um mês a consultoria RK Partners. O objetivo é alongar o prazo das dívidas e dar algum espaço para melhorar a liquidez da empresa. Em 29 de julho, a usina deixou de efetuar o pagamento do principal e dos juros referentes a debêntures com garantia, empréstimos e outras dívidas com garantias.

Segundo o advogado Domício dos Santos Neto, do escritório Santos Neto Advogados, que representa parte dos credores, o endividamento da Usina Caeté com instituições financeiras aproxima-se de R$ 1 bilhão. Entre os que mais têm recursos a receber da Caeté estão o banco de fomento latino-americano CAF, o Credit Suisse e a gestora americana Amerra.

Um eventual armistício entre a usina e os credores deve dar um respiro para que a Caeté aproveite a recuperação dos preços do açúcar e do etanol nesta safra para melhorar sua situação financeira. As três usinas do Nordeste devem iniciar a moagem de cana da safra 2016/17 no próximo dia 20 e devem processar 4 milhões de toneladas, segundo Aryl Lyra, membro da diretoria do Grupo Carlos Lyra.

A perspectiva de uma tentativa de acordo com os credores já era esperada. Em relatório de junho, a agência de classificação Standard and Poor’s (S&P) indicava que havia “um risco crescente de uma reestruturação de dívida ou de um acordo de standstill” em três meses.

Naquela época, a dívida classificada pela agência como “prioritária”, que incluía obrigações trabalhistas, arrendamentos financeiros e pagamento de adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC), somava R$ 106 milhões, enquanto a dívida com financiamentos bancários, obrigações tributárias e linhas de financiamento para exportação, todas com garantia, totalizava R$ 722 milhões. Já os débitos sem garantia somavam R$ 292 milhões.

A S&P deixou de classificar a usina em agosto. Em sua última análise, a agência atribuiu a nota ‘D’, correspondente a calote, para o crédito corporativo da Caeté na escala global, mas avaliou a capacidade de recuperação do rating como “substancial”, entre 70% e 90%.

(Fonte: Valor)

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