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Confira as diferenças entre a safra 2019/20 e a anterior, segundo Julio Maria Borges

Diretor da JOB Consultoria avalia a temporada recém-iniciada no Centro-Sul

Foto: Arquivo/JornalCana

Julio Maria M. Borges*

Quais as principais diferenças da nova safra que se inicia neste mês de abril em relação à safra passada 2018/19 ? Poucas, bem poucas. Vamos ver.

Moagem de cana  

O clima não ajudou. Fugiu do padrão normal no outono e inverno, quando foi seco e prejudicou a cana plantada no início do ano.

Na primavera choveu acima da média e em dezembro/18 o déficit hídrico do início da safra foi compensado.

Em janeiro, mês que mais chove no ano, choveu bem abaixo do normal e prejudicou toda a lavoura que será colhida na nova safra que começou em abril/19.

Depois de janeiro/19 a chuva ocorreu perto da média de longo prazo.

Em resumo: no acumulado de doze meses a chuva observada no CSUL foi cerca de 12% abaixo do normal.

Considerando o regime de chuvas, que foi pouco agressivo, o resultado final não será um desastre para a lavoura, mas em nada ajudou.

Diria, atrapalhou pouco.

Estamos prevendo, com chuvas normais até dezembro/19, um volume de cana a ser moída em torno de 570 mi t, volume este próximo do que foi verificado na safra passada de 573 mi t.

Cabe lembrar neste contexto que a área de cana no CSUL não tem crescimento previsto, sendo que nas duas últimas safras ela reduziu-se.

Rendimento industrial  

Estamos admitindo um rendimento industrial próximo da média do CSUL, ou seja, 135,5 kg ATR/t cana.

Na safra passada 2018/19 este rendimento foi 138 kg ATR/t cana,  mais alto devido ao clima seco que prevaleceu no Outono-Inverno do ano passado, conforme mencionado acima.

Para quem não é do setor ATR significa oferta total de açúcares contidos na cana, açúcares estes que podem ser convertidos ou em álcool ou em açúcar para consumo.

Mix 

A combinação açúcar/etanol prevista por nós da Job Economia sugere um mix mais açucareiro que aquele de 2018 .

Prevemos que entre 38%-39% da disponibilidade de ATR seja usada para a produção de açúcar branco ou VHP (açúcar bruto destinado ao refino); o restante  será destinado à produção de etanol.

Na safra passada 2018/19 esta proporção foi de 35% para açúcar.

Produção e exportação de açúcar    

Prevemos que 2 mi t de açúcar serão produzidos a mais nesta nova safra 2019/20, quando comparado com a safra anterior .

Ou seja, a produção esperada é de 28,5 mi t.

Exportações seriam da ordem de 19,0 mi t, praticamente igual à da safra passada.  

Produção e exportações de etanol

Com menor oferta de ATR nesta safra entre 2%-3% e considerando que a produção de açúcar é maior, teremos como consequência uma produção de etanol de cana  menor que aquela da safra anterior .

Isto é, estamos prevendo uma produção de etanol de 28,3 bi litros contra uma produção recorde na safra passada 2018/19 de 30,9 bi litros.

As exportações previstas de etanol do CSUL devem oscilar em torno de 1,8 bi litros,nada diferente do que foi observado nesta última safra.

Estoques e preços  

Os estoques previstos para o final de safra serão reduzidos em relação aos estoques iniciais.

Isto significa que o mercado interno será menos pressionado do lado da oferta e os preços na safra atual 2019/20 tendem a se sustentar em níveis ligeiramente mais altos que aqueles da safra passada.

Em Nova York, na semana do Sugar Dinner que vai de 13 a 17 de Maio, estaremos discutindo com representantes do mundo açucareiro nossas impressões sobre esta nova safra.

Assim como discutiremos o futuro imediato de nossa indústria canavieira.

*Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento

Email: julioborges@jobeconomia.com.br    

 

Artigo originalmente postado no Blog da Cana.

Clique aqui para acessar o texto no original. 

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