As informações são compiladas pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), com base em informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Nos meses de março e abril, a Cogen registrou a adição de 50 MW de bagaço de cana, decorrentes da ampliação da usina Da Mata (Valparaíso – SP); 6,78 MW de óleos vegetais das novas usinas 3 Tentos Ijuí (Ijuí – RS), BBF Izidolândia (Alta Floresta D’Oeste – RO) e BBF Urucumacuã (Chupinguaia – RO); e outros 13,44 MW de resíduos de madeira, oriundos das novas usinas Bonfim (Cantá – RR) e Pau Rainha (Boa Vista – RR).
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Em janeiro, a Cogen já registrada a adição de 134 MW de licor negro originado na nova usina Puma II, da Klabin (Ortigueira – PR).
No país, a cogeração conta agora com 640 usinas, totalizando 19,78 GW de capacidade instalada — o que corresponde a 10,8% matriz elétrica brasileira (182,97 GW). Isso equivale a 1,4 vezes o total da capacidade instalada da usina hidrelétrica de Itaipu.
A produção de energia movida a bagaço de cana-de-açúcar conta com 380 usinas, totalizando 11,991 GW instalados, o que representa 60,6% do total da cogeração. Em segundo lugar, no ranking, está o licor negro, com 20 usinas, perfazendo 3,205 GW instalados (16,2%). Já a cogeração a gás natural tem 93 usinas, somando 3,152 GW instalados (15,9%).
A cogeração derivada de cavaco de madeira chega a 860 MW instalados (4,3%) derivadas de 66 usinas. A produzida com biogás detém 379 MW instalados (1,9%), partindo de 51 usinas. Outras fontes somam 200 MW instalados, com 28 usinas, e completam o quadro (1%).
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A projeção para todo o ano de 2022 é de entrada em operação comercial de 807,18 MW. “A cogeração, com todas as suas fontes, tem importância estratégica para o Brasil. Além de já propiciar contribuição relevante para matriz elétrica brasileira. É uma energia distribuída, com qualidade e previsibilidade, gerada junto aos pontos de consumo, dispensando a necessidade de investimentos em longas linhas de transmissão”, explica o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
Apesar de toda esta solidez, a Cogen avalia que o planejamento energético brasileiro não tem considerado todo o potencial da cogeração – em especial da bioeletricidade.
“Um sinal disso é Plano Decenal de Energia 2031 (PDE 2031), o principal documento de planejamento energético do país, que projeta apenas um crescimento médio de 80 MW por ano entre 2027 e 2031, de modo a totalizar 400 MW em um período de cinco anos. Esse total é muito abaixo do potencial se levado em conta que somente neste ano de 2022 o Brasil tem prevista, de acordo com levantamento mais recente da Aneel, uma adição de mais de 800 MW de potência instalada em operação comercial. Além disso, no quinquênio 2022-2026, a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê a adição de mais 2,3 GW de expansão de usinas a biomassas”, diz Duarte.
“Entendemos que a cogeração é fundamental para uma matriz elétrica mais equilibrada”, ressalta o presidente executivo da Cogen.
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De acordo com o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio Filho, a cogeração a biomassas tem sido fundamental para a segurança energética do país. “A cogeração ajuda a poupar 14 pontos percentuais do nível dos reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que representa o principal mercado consumidor do país. E um dos principais atributos da cogeração é justamente o fato de que o período de maior produção das usinas de açúcar e etanol ocorre na safra entre os meses de abril e novembro, exatamente no período seco.”
“Hoje, as biomassas não vêm participando dos Leilões de Reserva de Capacidade –certames que têm o objetivo de garantir a continuidade do fornecimento de energia elétrica, com vistas ao atendimento à necessidade de potência”, diz Caio Filho.
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No ranking por unidades da federação de cogeração por biomassa, o Estado de São Paulo lidera a lista com 7,5 GW instalados. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 1,9 MW instalados. Na sequência vêm Minas Gerais (1,7 GW instalados), Goiás (1,4 GW instalados) e Rio de Janeiro (1,3 GW instalados), Paraná (1,2 GW instalados) e Bahia (1,1 GW instalados).
Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (12,026 GW), Papel e Celulose (3,059 GW), Petroquímico (2,305 GW), Madeireiro (822 MW) e Alimentos e Bebidas (631 MW).