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Cinco perguntas para Mário Campos, presidente executivo da Siamig

 

mario campos, siamig1 — Quais investimentos o setor deve fazer neste período de crise?

Quem negocia no mercado spot tem uma boa lucratividade com a energia da biomassa da cana. As usinas precisam investir nisto, pois é um subproduto importante, com grande geração de caixa para as empresas. A energia no mercado spot é vendida entre R$ 600 a R$ 800/MWh. Quem tem energia sobrando consegue esse preço, porém, os que têm contrato pré-estabelecidos, estão presos aos preços fixados.

 

2 — Quais são as medidas para tirar um usina da crise?

Boa parte do setor está com problemas financeiros. É preciso buscar programas de renegociação de dívida. Assim como facilitar acesso a linhas de crédito. O outro ponto importante é sobre tecnologia dos carros. Temos que lutar pelo híbrido flex, pois no mundo já existe esse modelo movido a gasolina. Também precisamos sair da relação de 70% com o preço da gasolina e incentivar as montadoras para que melhorem a relação do etanol frente a gasolina.

 

3 — No âmbito político, o que deve ser feito?

A questão da Cide sobre os combustíveis fósseis é muito importante e deve voltar, mas com um formato diferente. Acho que sua receita poderia financiar o transporte público. Assim, é preciso ter um cronograma de volta da Cide para melhorar a competitividade do etanol.

 

4 — Se a presidente Dilma for reeleita, o que acontecerá com o setor e com o etanol?

Eu espero que a política que foi adotada nos últimos quatro anos não seja mantida, acredito na mudança pois um setor que emprega 1 milhão de pessoas é muito importante para o país e está definhando. Se nada mudar, o Brasil vai perder uma das maiores conquistas que conseguiu até hoje, o etanol. Nosso setor está em crise, estagnado por isso acho que independente de quem vença a eleição é preciso ter diálogo, temos que ser apartidários, mas não podemos aceitar mais essa situação.

 

5 — Quais ações devem ser feitas para aumentar o consumo de etanol em Minas Gerais?

Quando se analisa a estrutura de preços do etanol é preciso levar em consideração alguns pontos como o preço do produtor, o imposto (ICMS), a questão logística e a margem de posto e distribuidor. No caso da logística o problema é resolvido a longo prazo, quanto a margem da distribuidora não há muito o que fazer, pois existe um mercado livre e, sobrou apenas a questão de preço do produtor que já está vendendo abaixo do custo de produção. O único ponto que resta para implementar uma política para aumento do consumo de etanol em Minas é a redução do ICMS. Hoje ele está em 19% no Estado, mas igualar a tarifa com São Paulo é muito difícil. Acredito que qualquer mudança que conseguirmos é uma vitória. Em Minas a diferença de alíquota entre etanol e gasolina é de 19% para 27%, ou seja, são oito pontos percentuais. Em São Paulo a alíquota da gasolina é de 25% e ICMS do etanol é taxado em 12%, são 13 pontos percentuais. Por isso, qualquer iniciativa que possa aumentar essa diferença representa um ganho de competitividade para o segmento. Trabalhamos para alguma mudança para 2015 pois o setor não pode esperar muito tempo.

 

 

 

 

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