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Candidaturas apresentam propostas para o agronegócio

Da melhoria da infraestrutura e logística a um plano de safra plurianual, passando por um seguro agrícola que contemple também a garantia de renda, as principais demandas para o agronegócio foram reforçadas nesta campanha eleitoral em que o setor foi cortejado pelos principais candidatos à Presidência. Na segunda-feira, a uma semana das eleições, representantes dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) apresentaram, em São Paulo (SP), suas sugestões para o agro, durante o Fórum Estadão Brasil Competitivo: “Rumo ao futuro do campo” e garantiram, ao apresentar suas propostas e responder às perguntas dos jornalistas do Grupo Estado e dos membros da plateia, que as principais reivindicações estão contempladas.

Futuro. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo; o biólogo João Paulo Capobianco e o engenheiro agrônomo Alexandre Mendonça de Barros, que representaram, respectivamente, Dilma, Marina e Aécio, mostraram que os candidatos estudaram as necessidades do agronegócio, elencadas no livro Rumo ao futuro do campo, produzido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e lançado no evento.

Tanto é que há convergência nos discursos dos presidenciáveis quando o assunto é seguro rural que contemple garantia de renda; necessidade de novo marco regulatório para a liberação de agroquímicos no Brasil e investimentos em infraestrutura e logística. Por parte dos representantes da oposição,, não faltam críticas ao governo atual pelos problemas enfrentados pelo setor sucroalcooleiro. Questões políticas, como a condução do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nos próximos quatro anos, também surgiram.

Seguro agrícola. Entre as unanimidades está a necessidade de um seguro agrícola eficiente, como o dos Estados Unidos, que protege a renda quando há quebra de safra ou quando os preços das commodities caem. No entanto, os participantes alertaram para a dificuldade de se tirar do papel um sistema eficiente e economicamente viável de garantia de produção e de renda.

Mendonça de Barros lembrou que os EUA levaram 40 anos para construir seu sistema de seguro. Ainda assim, ele diz que o seguro de renda será um dos pilares da política agrícola do Mapa num eventual governo tucano, proposta compartilhada pelo PSB, segundo Capobianco.

O modelo de seguro de safra vigente no Brasil não consegue nem sequer cobrir de forma satisfatória a produção. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo, afirmou que os produtos vendidos pelas seguradoras são insuficientes para o agricultor. “Estamos estudando uma forma de melhorar sua qualidade. Não significa que a seguradora deixará de vender os atuais, mas o governo só subvencionará aqueles que consigam cobrir custos de produção da lavoura.”

A migração para o seguro de renda é ainda mais complicada. Uma das propostas apresentadas pela Faesp, pelo engenheiro agrônomo e diretor do Departamento Econômico, Cláudio Brisolara, é a subvenção para que o agricultor opere no mercado de opções, travando o preço de venda de produtos agrícolas de forma a cobrir pelo menos os custos de produção.

Preço mínimo

A medida reduziria o peso da Política de Garantia do Preço Mínimo (PGPM), que apenas neste segundo semestre está sendo utilizada para apoiar a comercialização de milho, algodão, trigo, laranja e feijão. O programa está em estudo no Mapa, segundo Paludo, mas não deve ficar pronto no primeiro ano de um eventual segundo mandato de Dilma.

Os candidatos estão em lados antagônicos, porém, quando o tema é o setor sucroalcooleiro. Mendonça de Barros chegou a afirmar que a política de controle de preços da gasolina, que afeta o etanol, é responsável por uma “destruição de valor sem precedentes (do setor sucroalcooleiro)”. Para ele, apenas com a recomposição do preço do combustível fóssil o setor poderia começar a ensaiar uma recuperação. Capobianco, que apoia Marina, reforçou a crítica, dizendo que “o maior equívoco do governo se deu em relação ao setor de biocombustíveis”, com a retirada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.

Seneri Paludo se contrapôs a ambos, dizendo que, caso Dilma seja reeleita, focará o próximo mandato em comercialização e gestão de risco do setor. Ele disse que o governo estuda a inclusão do setor no programa de preço mínimo, apesar de não existir um consenso no Mapa.

Além das demandas do setor, a gestão do ministério também foi questionada. Capobianco se recusou a falar em nomes de possíveis ministros, afirmando que Marina considera o anúncio antecipado da equipe de governo um “estelionato eleitoral”. Mas adiantou que, na área de governança, será preciso racionalizar e melhorar a articulação do “emaranhado de órgãos federais” que têm relações com o setor rural. Do lado tucano, o discurso é pela criação de um “superministério”, mas Mendonça de Barros afirmou não estar acompanhando a discussão sobre gestão. Já Paludo, por Dilma, afirmou que o ministro Neri Geller manifestou vontade de continuar à frente do Mapa caso o PT vença.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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