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Cade aprova aquisição das usinas do Grupo Ruette pela Black River

A compra das duas usinas sucroalcooleiras do Grupo Ruette pela gestora americana Black River está perto de sua conclusão. Ontem, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) publicou no Diário Oficial da União decisão na qual aprova sem restrições a operação. Por meio do fundo Black River Agriculture Fund 2 LP, a gestora deverá pagar pelas unidades R$ 680 milhões, conforme o Valor antecipou em setembro. A expectativa é que a transação seja concluída ainda este mês.

O negócio vem sendo considerado um “case” de sucesso em meio a tantas usinas à venda sem comprador. Conforme fontes do mercado consultadas pela reportagem, além de ter uma dívida mais “próxima” do valor dos seus ativos, as unidades da Ruette não tinham dívida fiscal, algo raro no segmento.

No início de dezembro, as duas empresas assinaram o contrato de compra e venda, sujeito a duas condições principais: a aprovação pelo Cade, publicada ontem, e a assinatura do contrato de repactuação da dívida com os credores – o que deve ocorrer nos próximos dias, conforme disseram fontes a par do assunto.

As duas usinas do Grupo Ruette estão em São Paulo e somam capacidade para processar 3,7 milhões de toneladas de cana por ano. Do valor total do negócio (R$ 680 milhões), R$ 530 milhões serão usados para a assunção de dívida e R$ 150 milhões, para investimentos na operação. O contrato de repactuação da dívida vai oficializar o redimensionamento dos débitos – houve desconto por parte dos bancos, pois a dívida original girava em torno de R$ 850 milhões – e sua transferência para o novo proprietário, a gestora Black River.

O Grupo Ruette, que tem assessoria jurídica do escritório Dias Carneiro Advogados, chegou a pedir recuperação judicial em fevereiro deste ano, mas voltou atrás e assinou, em março, um acordo com credores que previa a “entrega” das usinas para venda e liquidação dos débitos. À época, quando as usinas foram colocadas à venda, além da Black River, outros quatro players assinaram acordos de confidencialidade e entraram na disputa. Mas a proposta da Black River foi a escolhida. As terras da família controladora do grupo, liderado pelo septuagenário Antonio Ruette, não entraram no acordo. O mercado estima que o valor do ativo – cerca de 2 mil hectares cultivados com cana-de-açúcar- seja de cerca de R$ 120 milhões.

As negociações, que começaram no primeiro semestre deste ano, envolvem um grupo de 30 instituições credoras. Além do Santander, principal credor e mandatário da venda das usinas, estão na negociação o fundo americano Amerra Agri Opportunity, o banco holandês ABN Amro e a ED&F Man Capital Markets, além de BTG Pactual, Banco BBM e Banco do Brasil.

O Grupo Ruette causou grande desconforto no mercado financeiro quando protocolou seu pedido de recuperação judicial. Meses antes, havia recebido novos aportes de fundos e bancos, e não apresentava dívidas vencidas. Além disso, às vésperas de acionar a Justiça, suspendeu contratos de exportação de açúcar que haviam sido dados em garantias de alguns empréstimos.

Conforme apurou o Valor, as duas usinas adquiridas do Grupo Ruette ficarão sob a gestão da Black River, com operação da americana Cargill, da qual a Black River era subsidiária e neste ano foi desmembrada. No Brasil, a Cargill já detém participação em três usinas que moeram em 2014/15 9,2 milhões de toneladas de cana.

(Fonte: Valor Econômico)

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